São Paulo, sábado, 13 de abril de 2002

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Latino-americanos pedem eleições

DA REDAÇÃO

Assustados com a situação de incerteza política após a queda do presidente Hugo Chávez e a morte de manifestantes durante protestos contra o governo, líderes latino-americanos pediram que a democracia seja respeitada na Venezuela, sem exigir, porém, a volta de Chávez ao poder.
Reunidos na Costa Rica, líderes do Grupo do Rio (formado por 19 países, incluindo a Venezuela) condenaram "a interrupção da ordem constitucional na Venezuela" e pediram a realização de eleições transparentes e democráticas no país.
Os líderes (presidentes, premiês, vice-presidentes e ministros das Relações Exteriores, incluindo o brasileiro, Celso Lafer) disseram também que precisam de mais informações antes de reconhecer como legítimo o novo governo provisório.
Em uma coletiva de imprensa, os presidentes do Chile, Ricardo Lagos, da Costa Rica, Miguel Angel Rodríguez, e do Peru, Alejandro Toledo, evitaram qualificar os acontecimentos na Venezuela como um golpe de Estado.
"Ante os acontecimentos das últimas horas na Venezuela, o governo do Chile lamenta que a conduta do governo venezuelano tenha levado à alteração da institucionalização democrática com um alto custo de vidas humanas e de feridos, violentado a Carta Democrática Interamericana através dessa crise de governabilidade", declarou o governo chileno.
A Carta Democrática da OEA (Organização dos Estados Americanos), aprovada no ano passado, declara que a democracia "é essencial para o desenvolvimento social, político e econômico dos povos das Américas" e determina a suspensão de todo país onde um governo democrático seja interrompido à força ou por outros meios inconstitucionais.

"Golpe"
O presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, expressou ontem sua preocupação com a situação na Venezuela e disse: "Definitivamente, houve um golpe na Venezuela, e eu espero que haja uma resolução democrática, que eles convoquem eleições e que a população da Venezuela eleja um novo presidente. Os golpes não servem para nada".
Já o presidente do México, Vicente Fox, pediu a "normalização da institucionalização democrática e os passos necessários para a realização de eleições claras e transparentes". Fox disse, no entanto, que manterá as relações diplomáticas com a Venezuela.
"Estamos muito preocupados com os eventos na Venezuela porque, evidentemente, isso é um ataque aos valores democráticos", afirmou o ministro das Relações Exteriores de Honduras, Guillermo Perez.
"Todos nós somos prisioneiros de nossas próprias ações", disse Hipolito Mejia, presidente da República Dominicana, apesar de observar que Chávez havia sido eleito presidente, em uma aparente crítica à forma como ocorreu sua queda.


Com agências internacionais

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