|
Próximo Texto | Índice
IRAQUE OCUPADO
Total inclui cerca de 70 militares da coalizão e 700 iraquianos, diz americano; EUA relatam "pacificação"
Conflitos mataram cerca de 800 em dez dias
DA REDAÇÃO
Cerca de 70 soldados dos EUA e
de países aliados e um número
dez vezes maior de "insurgentes
iraquianos" morreram desde o
início do mês, disse ontem o vice-chefe de operações do Exército
americano, general Mark Kimmitt. Não há, no entanto, dados
de fontes independentes sobre
quantos civis iraquianos teriam
morrido desde o dia 4, quando as
forças de ocupação foram surpreendidas por um levante xiita
em bairros de Bagdá e no sul do
país e iniciaram grande operação
na cidade sunita de Fallujah.
Anteontem, o chefe de um hospital em Fallujah disse que cerca
de 600 iraquianos teriam morrido
na cidade de 200 mil habitantes.
Segundo a Associated Press, pelo
menos 62 soldados dos EUA, dois
de outros países e 882 iraquianos
(civis e combatentes) morreram
nos últimos dias no país.
Há cerca de uma semana, os
EUA cercaram Fallujah para caçar os responsáveis pela morte,
seguida de mutilação e queima
dos cadáveres, de quatro civis
americanos, em 31 de março. As
forças americanas realizaram intensos bombardeios.
No sábado, os EUA anunciaram
um cessar-fogo para permitir que
membros do Conselho de Governo Iraquiano, submetido aos
americanos, negociassem com os
insurgentes. Os EUA exigem que
eles deponham suas armas e entreguem os responsáveis pela
morte dos quatro americanos.
No front xiita, um representante
do líder radical Moqtada al Sadr,
principal fomentador do levante
xiita, anunciou que o Exército
Mehdi, milícia de Al Sadr, abandonara prédios públicos e delegacias de Najaf (sul). Na semana
passada, militantes armados seguidores de Al Sadr tomaram pelo menos três cidades xiitas no sul
do Iraque: Kut, Kufa e o centro de
Najaf. No fim de semana, os EUA
retomaram Kut. Ontem, anunciaram que Nassiriah e Hillah, duas
outras cidades em que ocorreram
confrontos, estavam pacificadas.
Em Najaf, onde Al Sadr se refugiou, os americanos tentam uma
negociação, conduzida por xiitas
moderados. Exigem o retorno da
polícia e das autoridades reconhecidas pelos EUA e a dissolução do
Exército Mehdi.
Ontem, o general Ricardo Sanchez, comandante das forças terrestres dos EUA, voltou a ameaçar
o líder xiita rebelde: "A missão
das forças americanas é matar ou
capturar Moqtada al Sadr". Desde
o início do levante, Al Sadr está foragido em mesquitas xiitas no sul
do país. Ontem, Sanchez disse
não saber seu paradeiro.
Moqtada al Sadr, com cerca de
30 anos, não tem grande influência religiosa, mas, nos últimos
meses, formou uma milícia que
pode ter milhares de membros e
tornou-se um símbolo para os xiitas descontentes com a ocupação.
Os xiitas são cerca de 60% dos
iraquianos, mas foram duramente reprimidos durante o regime de
Saddam, que era sunita. Cerca de
20% dos iraquianos são sunitas.
Tanto os xiitas quanto os sunitas
são muçulmanos, mas de linhas
diferentes e, em geral, rivais.
Com a queda de Saddam, os
principais líderes xiitas do país
mantiveram distância dos americanos, mas desestimularam ataques diretos às forças de ocupação, pois esperam controlar o país
no futuro, após eventuais eleições.
Al Sadr, no entanto, rompeu esse "pacto". Como resultado, a
coalizão liderada pelos EUA está
enfrentando, ao mesmo tempo, a
resistência sunita, existente desde
a invasão do país, em 20 de março
de 2003, e o novo levante xiita.
Ontem, as forças americanas
tentavam recuperar o controle sobre as estradas do país. Pelo menos dez motoristas de caminhões
foram seqüestrados nos últimos
dias. Nove deles já foram liberados, mas o americano Thomas
Hamill segue desaparecido.
Ontem, um comboio de caminhões que carregava blindados foi
incendiado 32 km ao sul de Bagdá. Três pessoas morreram. Um
outro caminhão, que levava suprimentos, foi emboscado perto
do aeroporto. "Nas últimas 24 horas, investimos significativa força
militar para tornar as estradas
mais seguras", disse Kimmitt.
Em Fallujah, marines acharam
cinco cintos que poderiam ser
usados em ataques suicidas. No
mesmo local, encontraram uniformes americanos, indício de
que os insurgentes queriam se infiltrar entre as forças dos EUA.
Com agências internacionais
Próximo Texto: Onda de seqüestros continua no país Índice
|