São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2005

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COMBATE À MISÉRIA

Presidente do Bird quer cancelamento do maior débito africano; outros 20 países pobres podem ser anistiados

Wolfowitz pede perdão da dívida nigeriana

Marco Longari/France Presse
Pedinte recebe esmola ao lado da igreja de Tekle-Hymanot, em Adis Abeba, a capital da Etiópia


DA REDAÇÃO

O novo presidente do Banco Mundial (Bird),o norte-americano Paul Wolfowitz, elogiou ontem o cancelamento de até US$ 55 bilhões da dívida externa de alguns dos países mais pobres do mundo, mas exortou o G8 (sete países mais industrializados mais a Rússia) a perdoar também o débito da Nigéria, o maior da África.
"Espero que os países credores apresentem um acordo para perdoar a dívida da Nigéria. Estou bastante seguro de que algo importante vai ocorrer", disse Wolfowitz, em Abuja, a capital do país mais populoso da África.
A Nigéria deve cerca de US$ 35 bilhões, mas, como é o sétimo maior exportador de petróleo do mundo, não se encaixa na definição de "país pobre" do Bird.
Wolfowitz, que assumiu o cargo na semana passada, estava em Londres durante as tensas negociações entre os ministros da economia do G8 que levaram ao cancelamento da dívida. O acordo, anunciado anteontem, envolve o perdão do débito de 18 países no Bird, no FMI (Fundo Monetário Internacional) e no Banco de Desenvolvimento Africano.
Foram beneficiados: Benin, Bolívia, Burkina Fasso, Etiópia, Gana, Guiana, Honduras, Madagáscar, Mali, Mauritânia, Moçambique, Nicarágua, Níger, Ruanda, Senegal, Tanzânia, Uganda e Zâmbia. A África é o continente mais beneficiado, com 14 países.
Todos devem adotar medidas anticorrupção e usar parte do dinheiro economizado em saúde, educação e combate à pobreza. Em média, cada país deixará de pagar US$ 1,5 bilhão por ano. Juntas, essas nações devem cerca de US$ 40 bilhões às três agências de fomento multilaterais.
O G8 também anunciou que outros 20 países podem ter a sua dívida cancelada desde que cumpram metas de governabilidade e combate à corrupção. Se essas nações entrarem no perdão, o montante cancelado pelos países ricos chegará a US$ 55 bilhões.
"O acordo permitirá que os países pobres planejem com antecedência sem o fardo do endividamento excessivo", afirmou Wolfowitz, "falcão" próximo ao presidente George W. Bush e um dos arquitetos da Guerra do Iraque.
"O resultado como um todo é muito bom do ponto de vista do desenvolvimento e demonstrou uma vontade de todos os lados em dar um pouco para alcançar um resultado positivo", disse o ex-número 2 do Departamento da Defesa americano.
Para Wolfowitz, os países africanos têm desafios simplesmente enormes. "O mero fato de que o continente está dividido entre tantos países diferentes, algumas vezes arbitrariamente, é, por si só, um desafio ao desenvolvimento."

Com agências internacionais

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