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Dossiê da AIEA esvazia acordo com Brasil
DE JERUSALÉM
O mais recente relatório da
AIEA (Agência Internacional
de Energia Atômica) indica
que até o dia 1º de maio o Irã
havia produzido 2.427 quilogramas de urânio levemente
enriquecido.
É pouco mais que o dobro
da quantidade prevista no
acordo negociado por Brasil
e Turquia no mês passado,
pelo qual o governo iraniano
entregaria 1.200 kg do material ao exterior em troca de
120 kg de combustível para
abastecer o reator de pesquisa de Teerã.
O estoque anunciado pelo
dossiê da agência atômica
derruba a premissa do acordo bancado por Ancara e
Brasília, de que o envio para
o exterior era uma garantia
de que, no curto prazo, Teerã
não teria material em quantidade suficiente para produzir uma bomba atômica.
Por um motivo simples: na
época em que a proposta original foi apresentada pela
AIEA, a suposição era de que
1.200 kg equivaleriam a 75%
do estoque iraniano.
Hoje, segundo o dossiê da
agência, a quantidade incluída no acordo bancado por
Brasil e Turquia equivale a
menos de metade do estoque
iraniano, pois Teerã continuou enriquecendo urânio
após rejeitar a proposta original, em outubro.
Esse, aliás, foi o argumento usado pouco antes da votação das sanções na ONU
por EUA, França e Rússia, ao
rejeitar oficialmente o acordo
na sede da AIEA.
O relatório da agência atômica indica que, mesmo se
cumprisse com sua parte do
pacto firmado com Brasil e
Turquia, o Irã ainda ficaria
com mais de mil quilos de
urânio levemente enriquecido, que é mais ou menos a
quantidade necessária, segundo os especialistas, para
produzir uma bomba.
Trata-se, por enquanto,
apenas de uma hipótese, já
que para a produção do armamento é preciso urânio
enriquecido a mais de 90%,
um nível do qual o Irã ainda
parece estar distante.
A preocupação ocidental é
com as evidências de que o
Irã começou a enriquecer
urânio a 20%, o que significaria que está rumando para
o nível necessário à bomba.
As atenções em torno do
relatório da AIEA acabaram
sendo ofuscadas porque no
mesmo dia em que ele foi divulgado, 31 de maio, ocorreu
o incidente envolvendo a Marinha de Israel e a frota humanitária Gaza Livre.
Foi o segundo dossiê da
agência atômica sob a direção do japonês Yukiya Amano, que voltou a criticar o
acesso restrito dado pelo Irã
aos inspetores.
O Parlamento do Irã deve
discutir a partir de hoje uma
eventual redução da cooperação com a agência. Na sexta, porém, o presidente Mahmoud Ahmadinejad descartou romper a colaboração.
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