São Paulo, sábado, 13 de julho de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

8 detidos em Milão poderiam ter falsificado os documentos usados por sequestradores de 11 de setembro

Itália prende suspeitos de forjar papéis para terroristas

DA REDAÇÃO

A polícia da Itália prendeu oito homens suspeitos de terem fornecido documentos de identidade falsos a membros da rede terrorista Al Qaeda, do saudita Osama bin Laden, disse ontem um investigador de alto escalão italiano.
Os oito foram presos anteontem em Milão. Havia nove suspeitos, mas um escapou da captura. Com exceção de um deles, todos são muçulmanos do norte da África.
Segundo Massimo Mazza, chefe da divisão de operações especiais da polícia de Milão, a Digos, eles podem ter fornecido documentos falsos para alguns dos sequestradores que realizaram os ataques de 11 de setembro nos EUA.
"No momento, não temos documentos ou dados objetivos que provem isso. Mas temos gravações de conversas telefônicas que alimentaram essa suspeita", disse.
Ele acrescentou que os oito forneceram "a cobertura secreta vital para criminosos terroristas".
Segundo a polícia, o grupo vendia passaportes, vistos de residência e documentos de identidade italianos falsos. Eles também forjavam documentos britânicos, franceses, alemães, espanhóis e belgas, afirmou Mazza.
"Eles cobravam entre 100 e 200, até 550, dependendo de qual era o documento e de que país", disse Stefano Chirico, o investigador da Digos que coordenou a operação de prisões. "Eles produziam uma média de 50 documentos a cada dez dias."
Mazza disse a repórteres que os suspeitos tinham ligações com outro grupo de falsificadores, descoberto no ano passado, "que claramente tinha ligações com organizações terroristas".
Segundo ele, investigações estão sendo conduzidas em toda a União Européia para determinar os destinatários dos documentos falsificados.
Dois dos presos anteontem eram irmãos marroquinos -Mohamed Kazdari, 36, e Said Kazdari, 32- que já haviam sido presos em março do ano passado por falsificação e que cumpriram penas em uma prisão italiana.
Os outros eram os marroquinos Mohamed Ouad, 35, conhecido como Hamid, Mustapha Ouad, 28, Abdelali Kisra, 34, conhecido como Ali, e Abdellah Grich, 29; o tunisiano Ben Salem Rafik Touati, 33, e o romeno Joan Benone Danci, 38. Eles seriam interrogados hoje de manhã em Milão.
Na semana passada, um tribunal milanês começou a julgar outros supostos integrantes de grupos islâmicos acusados de formação de quadrilha e falsificação de documentos. Os réus negam as acusações.
Funcionários do governo dos EUA disseram acreditar que um centro cultural islâmico ligado a uma mesquita em Milão tenha sido usado como a principal base da Al Qaeda na Europa. Líderes muçulmanos negaram.
Na quarta-feira, jornais italianos afirmaram que investigadores haviam descoberto um plano da Al Qaeda para atacar uma igreja em Veneza, o Vaticano e missões diplomáticas americanas na Europa no ano passado.
Os planos teriam sido suspensos abruptamente dois meses antes dos ataques de 11 de setembro, e os investigadores temem, segundo relatos na imprensa, que eles tenham sido reativados.
Ontem, medidas de segurança foram intensificadas nos antigos guetos judaicos de Veneza e Roma (leia texto ao lado).


Com agências internacionais


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