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São Paulo, domingo, 13 de julho de 2003

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INVASÃO DO SUL

Americanos assimilam hábitos culturais de grupo que, até 2025, atingirá 65 milhões de pessoas no país

Explosão da população hispânica muda EUA

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Depois de se tornar a maior minoria no país, a população hispânica vem mudando rapidamente a cultura, a economia e a política dos Estados Unidos.
Especialistas prevêem uma transformação no país em poucos anos por conta desse rápido crescimento, apoiado nos hispânicos já nascidos nos EUA (3 em cada 5) e na continuação da imigração, principalmente de grupos de mexicanos.
O último Censo norte-americano, atualizado em 2002, contabilizou 38,8 milhões de hispânicos nos EUA, 13% da população total do país -uma marca antes esperada somente a partir de 2014.
Há décadas figurando como a primeira minoria, os negros ficaram para trás no ano passado: são agora 38,3 milhões de pessoas.
Proporcionalmente, a população hispânica é a que mais cresce nos Estados Unidos, tendo sido responsável por metade do aumento populacional nos últimos dois anos e meio -período em que cresceu mais de 10%, contra os 2,5% da população em geral.
Dos anos 90 para cá, os hispânicos não apenas tiveram mais filhos (um terço do total tem ainda menos de 18 anos) mas também alcançaram a mesma renda per capita média obtida pelos negros nas principais regiões do país.
Mais gente e dinheiro dentro de um grupo populacional de hábitos e idioma próprios arraigados vêm levando empresas e políticos a passar por uma transformação.
Os hispânicos representam hoje 8% do total de eleitores registrados no país, e seus votos são decisivos em Estados como o Texas, o Novo México, a Califórnia, Nova York e a Flórida, onde estão concentrados os cubanos.
Na área de consumo, os gastos das empresas com publicidade dirigida a hispânicos tiveram um aumento quatro vezes superior à média no ano passado.
Enquanto companhias como a General Motors e o Bank of America multiplicam verbas dirigidas à propaganda, a maioria das grandes empresas instala cada vez mais serviços de atendimento telefônico em espanhol e contrata funcionários fluentes no idioma.
Nos supermercados, gôndolas, produtos e prospectos de promoções já contêm, em boa parte dos casos, o inglês e o espanhol lado a lado. Seções inteiras e até ruas comerciais se dedicam exclusivamente a produtos latinos.
Federico Subervi, um dos maiores especialistas em assuntos hispânicos nos EUA, afirma que a ""latin fusion" (fusão latina) norte-americana não se dá apenas nas esferas comercial e política.
""O público americano branco vem assimilando rapidamente a cultura, a comida e os hábitos hispânicos. A nova face da "american culture" é agora Jennifer Lopez", afirma Subervi, um porto-riquenho que vive há 28 anos nos EUA, para onde foi a fim de concluir um doutorado na Universidade de Wisconsin.
Há anos, a cantora e atriz Jennifer Lopez, nascida em Nova York de família porto-riquenha, é considerada a mulher mais sexy dos EUA. Ela acaba de assinar um contrato para promover a marca Louis Vuitton, um símbolo do público endinheirado e branco norte-americano.
Os demógrafos que trabalharam no Censo de 2002 crêem que o ritmo de crescimento da população hispânica nos EUA tenda a se manter ao menos por 20 anos.
Em 2025, daqui a uma geração, os hispânicos serão mais de 65 milhões de pessoas nos EUA. Nos cinco Estados com maior concentração, serão 20% da população. Na Califórnia, devem atingir 43% do total.


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