São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2004

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RELIGIÃO

Revista publica imagens com cenas entre líderes religiosos e seminaristas; para bispo, são "brincadeiras juvenis"

Fotos eróticas em seminário abalam igreja austríaca

DA REDAÇÃO

A Igreja Católica austríaca anunciou ontem que fará uma investigação interna sobre relatos de homossexualismo entre clérigos e seminaristas de Sankt Pölten, na região de Viena. A decisão foi tomada depois de a "Profil", uma das principais revistas do país, ter publicado fotos com líderes religiosos acariciando e beijando estudantes internos.
"A igreja decidiu investigar o assunto aprofundadamente, discutir e avaliar os resultados dessa investigação e tirar as conclusões necessárias", disse a instituição, em nota.
A revista informou que os investigadores encontraram ao menos 40 mil fotos de conteúdo pornográfico no seminário. Também foram achados vídeos eróticos.
Numa das fotos, o então vice-reitor do seminário de Sankt Pölten, Wolfgang Rothe, aparece beijando a boca de um seminarista.
Em outra imagem, o reitor, Ulrich Kuechl, está com a mão direita sobre o órgão sexual de outro seminarista enquanto olha em direção à câmera.
O reitor do seminário e seu assistente renunciaram aos cargos após a divulgação do escândalo.
A política confirmou que havia apreendido dezenas de milhares de fotos pornográficas encontradas nos computadores de alguns estudantes do seminário, localizado a cerca de 80 km de Viena.
A revista "Profil" assegura que existem fotos de orgias e jogos sexuais e que a pornografia infantil vinha de sites da internet, versão que coincide com o que foi divulgado até agora pela polícia.

"Brincadeiras juvenis"
O conservador Kurt Krenn, polêmico bispo da diocese de Sankt Pölten, disse, em entrevista à TV austríaca ORF, ter visto uma foto na qual o diretor do seminário aparece acariciando outro homem vestido, mas nega que a cena tenha conteúdo homossexual.
"Essas fotos são apenas brincadeiras juvenis", disse Krenn, que disse que não planeja renunciar devido ao escândalo.
Krenn, cuja proximidade com o Vaticano levou o papa João Paulo 2º a visitar sua modesta diocese, em 1998, tem sido rotineiramente classificado por grupos católicos leigos de ultraconservador.
A Conferência dos Bispos Austríacos disse anteontem que a igreja tinha "uma necessidade urgente de agir" em razão dos supostos escândalos no seminário de Sankt Pölten.
Analistas, no entanto, afirmam que é necessário distinguir, por um lado, fatos criminais como pornografia infantil e pedofilia, que têm conseqüências legais, e, por outro, atos homossexuais entre adultos, nos quais está em jogo a questão da disciplina eclesiástica, que prevê o celibato, e a da censura severa da igreja ao homossexualismo.

Rotina
A igreja tem sido abalada por uma série de escândalos sexuais em todo o mundo. Nos Estados Unidos, casos de abuso provocaram milhões de dólares em indenizações e enfureceram fiéis.
Na Áustria, a mesma revista "Profil" publicou em 1995 acusações de que o cardeal Hans Hermann Groer, à época líder da igreja na Áustria, abusava sexualmente de seminaristas.
O Vaticano o substituiu meses mais tarde, e Groer se aposentou em um monastério.


Com agências internacionais


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