São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Relatório aponta pouco avanço no Iraque

Bush descarta retirada, embora dossiê da Casa Branca mostre que governo de Bagdá cumpriu menos de metade das metas fixadas

Câmara aprova lei que pede retirada em 120 dias, em um desafio ao aviso de Bush de que voltará a vetar qualquer iniciativa nesse sentido

DA REDAÇÃO

O governo dos Estados Unidos apresentou ontem seu esperado relatório sobre a situação no Iraque, que mostra a incapacidade das autoridades de Bagdá em cumprir a maioria das metas políticas, econômicas e militares necessárias para pacificar e unir o país. Ao comentar os resultados do documento, o presidente George W. Bush voltou a dizer que é prematuro pensar em retirar as tropas americanas do Iraque.
Horas depois da divulgação do relatório, a Câmara dos Representantes aprovou uma lei que estabelece um prazo de 120 dias para o início da retirada do Iraque. A medida da Câmara aumenta a pressão sobre Bush, que avisou que usará seu poder de veto contra qualquer iniciativa nesse sentido, mas que está cada vez mais fragilizado politicamente para usar tal prerrogativa, como já fez no passado.
Na entrevista coletiva que concedeu na Casa Branca para falar sobre o relatório, bem antes da atitude desafiadora da Câmara, Bush mais uma vez se negou a ceder às pressões para colocar fim ao envolvimento dos Estados Unidos no Iraque. "O verdadeiro debate sobre o Iraque é entre aqueles que acham que a luta está perdida e não vale o seu custo e aqueles que acreditam que a luta pode ser vencida", disse.
"Por mais difícil que seja a luta, o custo da derrota seria mais alto", prosseguiu. "Eu acredito que podemos ter sucesso no Iraque. Eu sei que podemos." Com sua popularidade batendo recordes negativos, Bush enfrenta pressão crescente para mudar sua política no Iraque, após cinco anos de ocupação que já fizeram mais de 3.000 baixas no Exército americano.
Cada vez mais legisladores, incluindo republicanos, vêm defendendo a retirada imediata, tendência seguida pelo público. Uma pesquisa realizada nesta semana pelo jornal "USA Today" e pelo instituto Gallup mostrou que 70% dos americanos são favoráveis à retirada até abril do ano que vem.
Segundo o documento de 25 páginas preparado pela Casa Branca, o governo iraquiano só cumpriu oito das 18 metas estabelecidas pelo Congresso americano para avaliar o sucesso da nova estratégia militar dos Estados Unidos no país árabe.
Entre os oito pontos positivos destacados no relatório estão avanços na revisão da Constituição iraquiana, na formação de regiões semi-autônomas e na intensificação de operações de segurança em Bagdá.
As oito metas em que as autoridades iraquianas receberam avaliação "insatisfatória" incluem a polêmica lei do petróleo, destinada a regular o setor e dividir a receita, que foi enviada ao Parlamento mas está longe da aprovação. Outras duas metas foram cumpridas parcialmente, diz o dossiê.
Segundo o relatório, apesar de alguns progressos obtidos pelo premiê Nouri al Maliki, como a redução do número de civis iraquianos mortos em atentados, "a situação de segurança no Iraque continua complexa e extremamente desafiadora", "o quadro econômico é desequilibrado" e a reconciliação política não evoluiu.
Bush ainda respondia a perguntas na Casa Branca quando o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, usou as conclusões do relatório para pressioná-lo. "É hora de o presidente ouvir o povo americano e fazer o que for necessário para proteger a nação. Isso significa admitir que sua política para o Iraque fracassou, trabalhar com democratas e republicanos no Congresso para traçar um novo caminho e voltar nosso esforço coletivo para derrotar a Al Qaeda", disse.
Sobre a rede terrorista de Osama bin Laden, que tem no Iraque uma célula responsável por grande parte dos carros-bomba, o relatório prevê uma intensificação da violência.
Apesar de toda a pressão, Bush disse estar convicto de que será absolvido pela história. No futuro, disse, "poderei dizer que olhei no espelho e tomei decisões baseadas em princípios, não em política".


Com agências internacionais


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