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Relatório aponta pouco avanço no Iraque
Bush descarta retirada, embora dossiê da Casa Branca mostre que governo de Bagdá cumpriu menos de metade das metas fixadas
Câmara aprova lei que pede retirada em 120 dias, em um desafio ao aviso de Bush de que voltará a vetar qualquer iniciativa nesse sentido
DA REDAÇÃO
O governo dos Estados Unidos apresentou ontem seu esperado relatório sobre a situação no Iraque, que mostra a incapacidade das autoridades de
Bagdá em cumprir a maioria
das metas políticas, econômicas e militares necessárias para
pacificar e unir o país. Ao comentar os resultados do documento, o presidente George W.
Bush voltou a dizer que é prematuro pensar em retirar as
tropas americanas do Iraque.
Horas depois da divulgação
do relatório, a Câmara dos Representantes aprovou uma lei
que estabelece um prazo de 120
dias para o início da retirada do
Iraque. A medida da Câmara
aumenta a pressão sobre Bush,
que avisou que usará seu poder
de veto contra qualquer iniciativa nesse sentido, mas que está
cada vez mais fragilizado politicamente para usar tal prerrogativa, como já fez no passado.
Na entrevista coletiva que
concedeu na Casa Branca para
falar sobre o relatório, bem antes da atitude desafiadora da
Câmara, Bush mais uma vez se
negou a ceder às pressões para
colocar fim ao envolvimento
dos Estados Unidos no Iraque.
"O verdadeiro debate sobre o
Iraque é entre aqueles que
acham que a luta está perdida e
não vale o seu custo e aqueles
que acreditam que a luta pode
ser vencida", disse.
"Por mais difícil que seja a luta, o custo da derrota seria mais
alto", prosseguiu. "Eu acredito
que podemos ter sucesso no
Iraque. Eu sei que podemos."
Com sua popularidade batendo
recordes negativos, Bush enfrenta pressão crescente para
mudar sua política no Iraque,
após cinco anos de ocupação
que já fizeram mais de 3.000
baixas no Exército americano.
Cada vez mais legisladores,
incluindo republicanos, vêm
defendendo a retirada imediata, tendência seguida pelo público. Uma pesquisa realizada
nesta semana pelo jornal "USA
Today" e pelo instituto Gallup
mostrou que 70% dos americanos são favoráveis à retirada até
abril do ano que vem.
Segundo o documento de 25
páginas preparado pela Casa
Branca, o governo iraquiano só
cumpriu oito das 18 metas estabelecidas pelo Congresso americano para avaliar o sucesso da
nova estratégia militar dos Estados Unidos no país árabe.
Entre os oito pontos positivos destacados no relatório estão avanços na revisão da Constituição iraquiana, na formação
de regiões semi-autônomas e
na intensificação de operações
de segurança em Bagdá.
As oito metas em que as autoridades iraquianas receberam
avaliação "insatisfatória" incluem a polêmica lei do petróleo, destinada a regular o setor
e dividir a receita, que foi enviada ao Parlamento mas está longe da aprovação. Outras duas
metas foram cumpridas parcialmente, diz o dossiê.
Segundo o relatório, apesar
de alguns progressos obtidos
pelo premiê Nouri al Maliki,
como a redução do número de
civis iraquianos mortos em
atentados, "a situação de segurança no Iraque continua complexa e extremamente desafiadora", "o quadro econômico é
desequilibrado" e a reconciliação política não evoluiu.
Bush ainda respondia a perguntas na Casa Branca quando
o líder da maioria democrata
no Senado, Harry Reid, usou as
conclusões do relatório para
pressioná-lo. "É hora de o presidente ouvir o povo americano
e fazer o que for necessário para proteger a nação. Isso significa admitir que sua política para o Iraque fracassou, trabalhar
com democratas e republicanos no Congresso para traçar
um novo caminho e voltar nosso esforço coletivo para derrotar a Al Qaeda", disse.
Sobre a rede terrorista de
Osama bin Laden, que tem no
Iraque uma célula responsável
por grande parte dos carros-bomba, o relatório prevê uma
intensificação da violência.
Apesar de toda a pressão,
Bush disse estar convicto de
que será absolvido pela história. No futuro, disse, "poderei
dizer que olhei no espelho e tomei decisões baseadas em princípios, não em política".
Com agências internacionais
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