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EUROPA
Ativistas holandeses dizem que a nova legislação é a mais abrangente do mundo, ao estabelecer divórcio e permitir adoção
Holanda aprova casamento homossexual
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
A Holanda, que está na vanguarda dos direitos dos homossexuais, aprovou ontem uma lei autorizando o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Além de
permitir a união entre gays, a nova lei aprovada pelo Parlamento
traz diretrizes sobre divórcio e
concede aos casais homossexuais
o direito de adotar crianças.
A aprovação do casamento homossexual, por 107 votos contra
33, foi aplaudida com entusiasmo
pelo público nas galerias, e vários
deputados festejaram batendo
com as mãos nas mesas.
A nova legislação foi discutida
na semana passada, quando apenas alguns poucos partidos cristãos protestaram contra o projeto,
num debate que durou três dias.
Demonstrando uma solidariedade sem precedentes, os três
principais partidos da coalizão de
governo apoiaram a proposta.
O casamento entre homossexuais não é reconhecido pelas
igrejas católica e protestante, as
maiores do país, mas algumas
igrejas cristãs dissidentes enviaram aos parlamentares cartas de
apoio à proposta.
"Estou muito feliz. O que ocorreu hoje representa mudanças em
nossa sociedade", disse Mark Wagenbuur, 34. Ele e seu parceiro
acompanharam a votação no Parlamento e vão se casar oficialmente, quando a lei entrar em vigor,
no início do próximo ano.
"Vamos poder chamar a nossa
união do que ela realmente é, um
casamento", celebrou o ativista
Henk Krol, editor de uma revista
gay. "Somos os primeiros do
mundo a poder fazer isso", disse.
A Dinamarca foi o primeiro país
a permitir esse tipo de casamento,
em 1989. Na Noruega e na Suécia,
os homossexuais têm o direito de
registrar a união civil.
Mas os ativistas holandeses dizem que a legislação de seu país é
a mais abrangente do mundo,
porque oferece aos homossexuais
os mesmos direitos dos heterossexuais, inclusive o de adotar filhos.
Enquanto os gays holandeses
podem usufruir dos direitos do
casamento em seu próprio país,
eles poderão enfrentar problemas
ao viajar para países onde há restrições à homossexualidade.
Mas o Ministério do Exterior da
Holanda já anunciou que vai oferecer assistência legal aos casais
homossexuais holandeses que enfrentarem dificuldades longe de
casa.
Os opositores da nova lei temem que a aprovação do casamento gay na Holanda possa isolar o país e criar divisões na sociedade.
"A lei vai criar um mundo sem
alicerces, onde a compreensão
histórica do casamento é afastada
de sua raiz", protestou Kees van
der Staaij, do Partido Político Reformado. Uma pesquisa recente
mostrou, no entanto, que 85%
dos holandeses aprovam o casamento entre pessoas do mesmo
sexo.
No Brasil, a união civil entre homossexuais não é permitida. A
candidata do PT à Prefeitura de
São Paulo, a ex-deputada Marta
Suplicy, apresentou um projeto
de lei no Congresso que reconhece a parceria civil entre pessoas do
mesmo sexo. O texto foi examinado por uma comissão da Câmara
e recebeu um substitutivo do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que prevê a parceria civil entre qualquer pessoa, numa espécie de contrato.
Os ativistas homossexuais brasileiros dizem que a proposta de
Jefferson, embora permita a parceria civil entre pessoas do mesmo sexo, não representa um
avanço, porque não reconhece a
união estável dos homossexuais.
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