São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Americanos atacam em Bagdá, Tal Afar e Ramadi; militantes explodem carros-bomba e lançam morteiros

Ações dos EUA e de insurgentes matam 110

DA REDAÇÃO

Em um dos dias mais violentos dos últimos meses, 110 pessoas morreram no Iraque -37 delas em Bagdá. A maior parte das vítimas é iraquiana. Não há informação de mortos americanos.
Segundo o "Washington Post", há 80 civis mortos.
A cidade que mais sofreu com a violência ontem foi Tal Afar, perto da fronteira com a Síria. Ao menos 51 pessoas morreram. Segundo a agência de notícias Reuters, o comando militar dos EUA não deu detalhes sobre como teriam ocorrido essas mortes.
Na quinta-feira, os EUA deram início a uma ampla operação militar em Tal Afar com o objetivo de retomar o controle da cidade, onde estariam refugiadas dezenas de guerrilheiros estrangeiros. Ações similares ocorrem em Fallujah.
Os americanos estariam também negociando com o governo sírio uma medida para tentar frear a entrada de militantes anti-EUA no Iraque através da Síria.
O episódio mais violento em Bagdá ocorreu no centro da cidade. Dois helicópteros dos EUA lançaram ataque aéreo contra um grupo de pessoas que estava ao redor de um veículo militar americano em chamas, atirando pedras e carregando bandeiras amarelas e pretas de um dos mais violentos grupos extremistas iraquianos. O veículo -um Bradley- estava indo socorrer um militar americano que havia sido ferido em explosão de um carro-bomba no início da manhã quando foi atacado. Dois tripulantes do veículo foram feridos ao serem atingidos por uma granada.
Treze pessoas morreram no ataque, a maioria iraquiana. Entre as vítimas está o palestino Mazen al Tomeizi, produtor da rede de TV Al Arabiya, de Dubai. Seif Fouad, cinegrafista da agência de notícias Reuters, ficou ferido.
As imagens de Fouad continuaram sendo gravadas enquanto Tomeizi gritava: "Seif, Seif, eu vou morrer, eu vou morrer".
Corpos de jovens e de meninos ficaram estirados na rua. Os EUA afirmaram que os helicópteros disparam contra o grupo de pessoas após serem atacados. Porém não há evidência de que tiros tenham sido disparados do solo.
Ao redor da cidade, ao menos sete carros-bomba explodiram, e foram lançados ataques contra instalações dos EUA -incluindo a prisão de Abu Ghraib-, nas quais morreram nove iraquianos.
Os ataques de ontem foram reivindicados pelo grupo Tawhid e Jihad, ligado à rede terrorista Al Qaeda e comandado por um dos principais mentores do terrorismo internacional, o jordaniano Abu Musab al Zarqawi.
Em comunicado divulgado na Internet, o grupo afirma ter "a capacidade de surpreender o inimigo e atingir instalações estratégicas no lugar e no momento certo". A autenticidade do comunicado não pôde ser confirmada.
"Estamos presenciando um tremendo crescimento nos ataques", disse o general dos EUA Erv Lessel. O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse ontem que a coalizão liderada pelos americanos enfrenta "um momento difícil no Iraque".
A assessora de segurança nacional dos EUA, Condoleezza Rice, afirmou que a "violência continuará até as eleições e provavelmente durante". As eleições iraquianas ocorrerão em janeiro.
Em Hilla, a 100 km ao sul de Bagdá, uma emboscada deixou três soldados poloneses mortos.
Dez iraquianos morreram em Ramadi, a oeste de Bagdá, em operação americana em que foram utilizados helicópteros e tanques. Entre as vítimas há crianças e mulheres. Ramadi está sob controle de insurgentes.


Com agências internacionais

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