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PAZ SOB ATAQUE
Forças de segurança não conseguem conter o linchamento de soldados israelenses nem manifestações durante a retaliação militar
Polícia palestina não controla Ramallah
DO ENVIADO ESPECIAL
Na praça central de Ramallah, a
polícia palestina tentava controlar
a multidão enfurecida, que gritava "Israel, saia da Palestina, queremos nossa terra de volta" e
"Não vamos abandonar nossos
mártires", entre outras frases, enquanto helicópteros israelenses
bombardeavam a cidade.
Pouco antes, de manhã, dois
soldados israelenses haviam sido
mortos no centro da cidade, após
errar o caminho de volta para casa
e pegar a estrada que leva a Ramallah, segundo o Exército.
O linchamento aconteceu depois que a polícia palestina não
conseguiu deter cerca de mil pessoas que tentavam invadir a delegacia local. Um dos soldados, depois de morto, foi lançado pela janela do centro policial e, no chão,
submetido a mais golpes.
A imagem, tal qual à do menino
palestino Muhammad al Durah,
morto nos braços do pai, evidencia a necessidade de paz na região
e o tipo de comportamento a que
um ciclo de violência pode levar.
Em Ramallah, onde algumas
áreas residenciais foram atingidas, "mais de 25 pessoas, civis em
sua maioria, ficaram feridas", segundo Mustafa Barghouti, do
Centro Palestino de Assistência
Médica. Na cidade, a rádio palestina, a poucos metros do quartel-general do líder palestino Iasser
Arafat, foi bombardeada, o que
cortou sua transmissão.
Diversos tanques foram enviados para o local. Os palestinos retiraram civis de áreas próximas a
delegacias, pois acreditavam que
elas seriam bombardeadas.
"Por que uma cidade inteira deve ser bombardeada por causa da
ação de um grupo de pessoas totalmente fora de controle? Não
podemos pagar o preço dessa
ação violenta", disse Amal, que
procurava seu irmão entre pessoas que corriam nas ruas.
O Exército israelense declarou
que os ataques foram uma resposta à morte dos dois soldados e negou que eles integrassem um comando especial enviado à cidade,
como disseram algumas autoridades palestinas. Ao menos 13 policiais ficaram feridos quando
tentavam controlar a multidão,
segundo os palestinos.
Metade de Ramallah ficou sem
energia ontem, e quase toda a cidade ficou sem telefone.
Ramallah está sob administração palestina. Segundo acordos
de paz firmados, o Exército israelense não podia entrar na cidade,
mas a situação se alterou após o
início desta nova Intifada (levante
popular).
"Provavelmente vamos nos habituar novamente a ver os bombardeios israelenses", afirmou
Hussein. "Eles fuzilaram nossas
crianças e nem todos conseguem
controlar sua fúria. Esse ato me
parece um gesto de vingança pelas últimas matanças."
Em vários pontos da cidade,
grupos de palestinos promoviam
manifestações. Quando os helicópteros israelenses lançavam
mísseis, as pessoas procuravam se
proteger em casas próximas.
Emergência em Gaza
Israel também atacou a cidade
de Gaza, que declarou estado de
emergência ontem. Navios israelenses se aproximaram de Gaza.
Barcos da Autoridade Nacional
Palestina foram destruídos, e uma
das sedes do Fatah (principal grupo político ligado à Organização
para a Libertação da Palestina foi
atacada.
Os palestinos não tem um Exército, embora parte deles possua
armas, e não se sabe quais seriam
os alvos dos israelenses. De acordo com analistas políticos, a intenção de Israel foi enviar uma
"mensagem de força" aos palestinos e mostrar determinação para
a população, revoltada com o linchamento dos soldados.
Arafat disse que o ataque era
uma "declaração de guerra". "Se
isso não é guerra, não sei o que essa palavra significa. A comunidade internacional deve intervir para impedir que a população seja
massacrada. Tanques e helicópteros estão atacando civis. Eu digo a
Israel: Pare essa loucura, essa
guerra, esse terrorismo", afirmou
um dos principais negociadores
palestinos, Saeb Erekat.
(PDF)
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