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COMENTÁRIO
Israel cogita separação física
SÉRGIO MALBERGIER
EDITOR DE MUNDO
A dramática escalada dos
choques entre Israel e palestinos reforça entre israelenses o
apoio a uma separação total entre os dois lados, com uma retirada unilateral das tropas do país
das áreas habitadas por palestinos, menos Jerusalém Oriental.
A medida significaria uma suspensão do processo de paz e deixaria os palestinos com muito
menos do que foi oferecido ao líder Iasser Arafat nas negociações
de julho último, em Camp David.
Israel iniciou o processo de paz
com o então arquiinimigo Arafat,
em 1993, após seis anos de Intifada (revolta popular palestina
contra a ocupação israelense) e o
colapso da União Soviética (91).
A Intifada mostrou que o poderoso Exército de ocupação israelense não tinha como enfrentar,
moral e militarmente, miseráveis
crianças atirando pedras.
Já o fim da União Soviética,
principal aliado e fomentador dos
Exércitos árabes, desarmou os
inimigos do Estado judeu, dando-lhe segurança suficiente para fazer concessões.
"Os líderes israelenses que lançaram e apoiaram os acordos de
Oslo sabiam que a paz seria, na
melhor das hipóteses, um subproduto das negociações. Para eles, o
principal objetivo era o fim da
ocupação", escreveu recentemente Douglas J. Feith, ex-membro do
Conselho de Segurança dos EUA.
O premiê israelense, Ehud Barak, disse ontem que está elaborando planos para a separação física entre israelenses e palestinos.
Israel vem construindo uma extensa rede de estradas para conectar-se a suas colônias na Cisjordânia e na faixa de Gaza passando ao largo das populações
palestinas.
Barak disse ontem também que
quer formar um governo de união
nacional com a direita liderada
pelo deputado Ariel Sharon. Foi
sua visita a local disputado pelas
duas partes em Jerusalém, em 28
de setembro, que iniciou os conflitos atuais. É a composição certa
para avançar a idéia de retirada
unilateral.
Nada disso irá resolver a situação, muito pelo contrário. Durante seus 33 anos de ocupação, Israel impediu qualquer desenvolvimento econômico nos territórios palestinos, que dependem de
Israel como mercado e fonte de
trabalho. Uma eventual separação agora pioraria ainda mais a
miséria palestina, principal motivação para os "mártires" da atual
Intifada, frustrados com a "paz".
Arafat poderá declarar um Estado palestino, fechando o ciclo
de medidas unilaterais, e manter
ataques de baixa intensidade
contra os israelenses.
Mas basta olhar o mapa da região para concluir que só entrando em acordo os dois povos poderão viver dignamente.
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