São Paulo, sexta-feira, 13 de outubro de 2000

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EUA
Empate técnico nas pesquisas continua, mas a vantagem é do republicano
Bush agrada mais no segundo debate

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Foi mais um encontro de cavalheiros do que um debate, e o empate continua, mas agora a vantagem na corrida presidencial norte-americana está claramente com o candidato republicano, o texano George W. Bush.
Segundo pesquisas instantâneas feitas após o encontro de anteontem à noite com o democrata Al Gore, o governador do Texas se saiu melhor, embora sempre dentro da margem de empate técnico ou bem próximo disso.
No levantamento da emissora NBC, 40% acharam que Bush teve desempenho superior, contra 37% de Gore. Para a concorrente CBS, a diferença foi menor: 51% para Bush e 48% para o vice-presidente de Bill Clinton.
Já os resultados da CNN/"USA Today"/Gallup dão vantagem mais clara ao governador: 49% a 36%. Idem para os ouvidos pela emissora ABC, que deram a vitória para Bush (46% contra 30%). A margem de erro das quatro pesquisas é de 4 a 5 pontos percentuais para mais ou menos.
Na última pesquisa de intenção de voto divulgada pelo jornal "The Washington Post" e pela TV ABC, feita antes do debate, o republicano aparece com 48%, contra 45% do democrata. A margem de erro é de três pontos percentuais.
O debate de ontem foi o segundo dos três previstos. Aconteceu na capela da Universidade Wake-Forest, em Winston-Salem (Carolina do Norte). O próximo deve ocorrer nesta terça-feira, dia 17. Os americanos vão às urnas no dia 7 de novembro.
Novamente mediado pelo jornalista Jim Lehrer, 66, que comanda o programa "Newshour" na rede pública PBS, o encontro teve formato diferente. Em vez de púlpitos, os candidatos sentaram lado a lado numa mesa, intercalados pelo mediador.
Respondiam a perguntas diretas de Lehrer por no máximo dois minutos. O formato ajudou a diminuir a agressividade das respostas e deu um ar mais de conversa; a metodologia vai valer também para o último debate, com a diferença de que a platéia poderá fazer perguntas.

Política externa
O encontro de anteontem começou com ambos discutindo a política externa norte-americana, mais concordando do que discordando nas questões em debate. Ambos acharam correta a ação americana na crise do Oriente Médio e disseram que os EUA devem continuar a manter laços estreitos com Israel.
Também concordaram com a ação americana na Iugoslávia, dizendo que, se não fosse o uso de força da Otan contra os sérvios, Slobodan Milosevic não teria sido derrotado nas última eleições.
Havia entre os dois, no entanto, uma diferença de tom. Enquanto Bush dizia que os interesses norte-americanos deveriam ser defendidos a todo o custo, Gore relativizava, dando a entender que a soberania dos Estados deveria ser sempre levada em conta.
Ontem, os dois candidatos se manifestaram a respeito do provável ataque a um navio da Marinha norte-americana no Iêmen. "Tem de haver uma reação", disse Bush. "Essa é uma situação que vai levar a uma resposta", afirmou Al Gore.

Erros
Depois de uma provocação do filho do ex-presidente George Bush, o vice de Bill Clinton pediu desculpas por ter "se enganado nos detalhes" numa resposta no debate anterior, erro que foi repisado durante toda a semana pelos assessores de seu adversário.
Al Gore havia dito que acompanhara o diretor da agência federal de emergência James Lee Witt ao Texas durante incêndios recentes. Na verdade, ele esteve no Estado durante o ocorrido, mas não acompanhado de Witt. "Sinto muito por isso", disse Gore.
Um pouco antes, no mesmo debate, foi a vez de Bush se enganar. Justificando sua defesa da pena de morte, disse que os três homens brancos que mataram o negro James Byrd Jr., no Texas, sofreriam a pena capital.
Na verdade, um deles foi condenado à prisão perpétua. "Escute, todos nós erramos", disse Bush ao ser avisado da gafe numa entrevista à ABC logo após o debate. Ele não fez comparações com o engano de Gore -os dois, de resto, são irrelevantes.

Bush descontraído
Desta vez, era Bush (de novo de gravata vermelha) quem estava mais descontraído, e Gore (de gravata azul), mais tenso. No final, o governador chegou mesmo a brincar com sua já famosa dificuldade com palavras difíceis.
"Você sabe, eu sou conhecido por mutilar uma "syllable" ou outra", disse Bush, pronunciando errado de propósito a palavra sílaba em inglês -o correto é "sílabou", Bush falou "sáilabou". Foi a segunda vez na noite que a platéia riu com o candidato republicano.


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