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PRÊMIO
É a primeira vez que a organização como um todo ganha prêmio de US$ 900 mil, a ser dividido com seu secretário-geral
ONU e Kofi Annan dividem Nobel da Paz
DA REDAÇÃo
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan, disse ontem que foi uma
"sensação maravilhosa" ter sido
escolhido como o ganhador do
Prêmio Nobel da Paz deste ano, a
100ª edição da premiação.
Ele divide o prêmio com a própria ONU, instituição na qual tem
servido em inúmeros cargos durante a maior parte de sua vida.
O comitê do Nobel agraciou
Annan, 63, por ter sido proeminente ao trazer vida nova à ONU.
O prêmio também foi dado à organização como um todo porque
ela "se mantém à frente dos esforços para a obtenção da paz e da segurança mundial".
Jubilosos, funcionários da equipe de Annan lotaram a entrada da
sede da ONU, em Nova York, para ovacionar o secretário-geral
quando ele chegou para trabalhar
ontem cedo.
Eleito para substituir o egípcio
Boutros Boutros-Ghali na Secretaria Geral da instituição, em
1997, Annan conta com imensa
popularidade entre os 52 mil funcionários das Nações Unidas ao
redor do mundo.
"É uma sensação maravilhosa e
um grande encorajamento para
nós e para a organização, pelo trabalho que fizemos até agora", disse Annan depois de ter sido informado da escolha em sua residência oficial. "É um grande reconhecimento para a equipe."
É a primeira vez que a ONU recebe o Nobel da Paz. O único secretário-geral a ganhar o prêmio
até então havia sido o sueco Dag
Hammarskjold, agraciado postumamente em 1961.
Annan foi reeleito em junho de
2001 por unanimidade pelos 189
representantes de países na Assembléia Geral para mais um
mandato de cinco anos. Ele irá dividir em partes iguais com a organização o prêmio de US$ 943 mil.
"Ele foi quem melhor compreendeu o papel central do homem nos trabalhos das Nações
Unidas", disse Joanna Weschler,
do Human Rights Watch, em Nova York, que aplaudiu a escolha
do comitê do Nobel.
O Prêmio Nobel é um raro incentivador moral para a ONU,
que foi atacada por quase toda a
década passada por seu fracasso
em impedir os massacres em
Ruanda, em 1994, e na Bósnia, em
95. Outros reveses incluíram intervenções fracassadas na Somália e em Serra Leoa, semanas de
caos e genocídio em Timor Leste,
quando de sua luta pela independência da Indonésia, em 1999,
bem como uma disputa aparentemente sem fim com os EUA,
maior financiador da instituição.
Só após os atentados de 11 de setembro o Congresso dos EUA decidiu liberar verba para o pagamento de US$ 926 milhões devidos à ONU. A organização diz que
ainda faltam cerca de US$ 500 milhões a serem pagos, mas os Estados Unidos questionam essa cifra.
Vários congressistas criticam a
organização por supostas posições liberais.
O prêmio vem em um momento em que a organização enfrenta
novos desafios. Annan tem tentado levar a ONU à frente da luta
contra o terrorismo. É provável
que o secretário-geral seja chamado para ajudar na reconstrução
do Afeganistão quando as ações
militares terminarem. No entanto, até agora, os EUA têm agido
sem nenhuma consulta à organização, afirmando que têm direito
à autodefesa.
Geir Lundestad, do comitê norueguês que outorgou o prêmio,
disse que a premiação foi decidida
em 28 de setembro, 17 dias depois
dos atentados, e quase uma semana depois do início da ofensiva
dos EUA contra o Afeganistão.
"Esses acontecimentos certamente influenciaram nossa decisão",
disse ele.
Entre os embaixadores nas Nações Unidas que celebraram o
prêmio a Annan estava o britânico sir Jeremy Greenstock. "Esse
homem apóia a paz em sua longa
vida. A integridade e a autoridade
moral são exatamente o tipo de liderança que o mundo quer em
uma época difícil."
Annan nasceu em Gana em
1938 e entrou para as Nações Unidas em 1962, como administrador
na Organização Mundial da Saúde, em Genebra. Sua carreira na
ONU inclui passagens por postos
na África e na Europa em quase
todas as áreas da organização, da
administração do orçamento à
manutenção da paz.
Ele é casado com a sueca Nane
Annan, sobrinha de Raoul Wallenberg, o diplomata sueco que
salvou dezenas de milhares de judeus dos nazistas na Segunda
Guerra Mundial.
Em suas comunicações, o comitê do Nobel afirmou que Annan
dedicou quase inteiramente sua
vida às Nações Unidas. Como secretário-geral, ele foi proeminente ao levar vida nova à organização. Ao mesmo tempo em que sublinhou a tradicional responsabilidade da ONU quanto à paz e à
segurança, ele também enfatizou
suas obrigações quanto aos direitos humanos. Ele levantou novos
desafios contra a Aids e o terrorismo internacional e utilizou de
modo mais eficiente os modestos
recursos das Nações Unidas.
Afeganistão
Sobre a idéia do presidente dos
EUA, George W. Bush, de deixar a
cargo da ONU a reconstrução do
Afeganistão, Annan afirmou que
a organização está disposta a cooperar, mas que "não se pode impor um governo ao povo afegão".
Annan disse que "neste momento
a ONU está muito comprometida
na frente comunitária e isso vai
continuar". "Estamos envolvidos
com os afegãos há muito tempo."
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