|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VOTOS DE FÉ
Prelados conservadores dizem que é pecado votar no democrata, que é favorável ao aborto
Bispos católicos fazem blitz contra Kerry
DAVID D. KIRKPATRICK
LAURIE GOODSTEIN
DO "NEW YORK TIMES"
Para o arcebispo Charles J.
Chaput, o prelado católico mais
importante do Colorado, um
dos Estados indecisos nas eleições presidenciais americanas,
só existe uma opção de voto para
os católicos fiéis: a favor de Bush
e contra Kerry.
Na sexta-feira, reunido com
um grupo de universitários católicos, o prelado não endossou
Bush especificamente, mas
apontou para o potencial impacto de sua reeleição sobre o caso
Roe contra Wade, que estabeleceu o direito ao aborto nos EUA:
"Decisões da Suprema Corte podem ser revertidas, certo?"
Chaput integra aliança de bispos cujo objetivo é emprestar o
peso da Igreja Católica à eleição.
Alarmados com a perspectiva de
um presidente que, como Kerry,
seja católico mas favorável ao
aborto, esses bispos e outros
grupos católicos vêm distribuindo nas igrejas guias que identificam o aborto, o casamento homossexual e a pesquisa com células-tronco como questões
"não passíveis de negociação".
Os esforços de Chaput e seus
aliados convergem com trabalho coordenado pela campanha
Bush. O presidente passou quatro anos cultivando líderes católicos, organizando mais de 50
mil voluntários e contratando
assessores cuja missão é aumentar o comparecimento dos católicos -cerca de 25% do eleitorado americano- às urnas.
Conservadores católicos dizem que trabalham com mais
afinco em parte porque o próximo presidente deve indicar ao
menos um juiz à Suprema Corte.
Nunca no passado número tão
grande de bispos fez advertências explícitas aos católicos logo
antes de uma eleição, no sentido
de que votar em dado candidato
representaria um pecado.
Menos de duas semanas atrás,
Raymond Burke, bispo de St.
Louis, emitiu um alerta desse tipo. O bispo Michael Sheridan,
de Colorado Springs, distribuiu
comunicado informando que o
aborto importava mais que
qualquer questão. O arcebispo
John Myers, de Newark, defendeu o mesmo ponto de vista em
artigo no "Wall Street Journal".
Esses bispos afirmam que o
aborto e a destruição de embriões são erros categóricos na
doutrina da igreja. A guerra e até
a pena de morte podem se justificar sob certas circunstâncias.
Já os católicos liberais dizem
que a igreja deixou a ponderação
dessas questões à consciência individual. Só no final da campanha esses católicos começaram a
contra-atacar, mas com muito
menos recursos.
Nos jornais das dioceses de
Ohio, Pensilvânia e Virgínia Ocidental, eles estão comprando
anúncios com o slogan "A vida
não acaba no nascimento". Os
organizadores dizem que a campanha tem apoio de 200 organizações católicas.
"Se estudarmos a totalidade
das questões como assunto de
consciência, é possível tomar a
decisão de votar em qualquer
um dos dois candidatos", diz
Gabino Zavala, bispo auxiliar da
diocese de Los Angeles e presidente do grupo pacifista cristão
que deu início à campanha.
No debate de sexta-feira, Kerry
estabeleceu distinção entre sua
crença pessoal como católico e
sua política como ocupante de
cargo eletivo, no caso do aborto.
"Fui coroinha", disse. "Mas
não posso impor algo que é um
artigo de fé para mim e torná-lo
lei para alguém que não compartilhe dessa visão da fé."
Texto Anterior: Análise: Por que Bush não vence hoje Próximo Texto: Ásia: Pacto suicida via internet mata 7 no Japão Índice
|