São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2004

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RÚSSIA

Tragédia em escola pode reavivar conflito étnico

Luto acaba, e parte dos moradores de Beslan promete vingar mortes

DA REDAÇÃO

Velas, flores, orações e pedidos de vingança contra o grupo étnico inguche marcaram ontem o fim do luto de 40 dias em Beslan, cidade na república russa da Ossétia do Norte. No dia 3 de setembro mais de 330 pessoas, metade delas crianças, morreram após serem feitas reféns em uma escola local.
O terrorista tchetcheno Shamil Basayev assumiu a autoria do seqüestro. Porém, entre os sequestradores, estavam nove inguches, cuja república faz fronteira com a Ossétia do Norte.
Autoridades temem uma onda de violência após o luto. "Não acredito que os culpados venham a ser punidos. A guerra vai começar", disse um morador de Beslan que não quis se identificar.
Por precaução, o governo decidiu enviar centenas de policiais para a região.
Líderes locais pediram calma. "O objetivo desse ataque terrorista era incitar um conflito étnico. Se houver uma guerra entre a Inguchétia e a Ossétia, os terroristas terão sua vitória", disse Sufiyan Beppaev, que lidera um conselho regional sobre diversidade étnica. Ruslan Auschev, ex-presidente da Inguchétia, tem declarado que uma revanche poderia desestabilizar todo o Cáucaso.
Autoridades da Inguchétia afirmam que do outro lado da fronteira a tensão também é grande na expectativa de um conflito armado. As viagens de ida e volta à Ossétia foram interrompidas.
Nas paredes do ginásio onde os reféns foram mantidos, bichinhos de pelúcia dividem espaço com grafites pedindo vingança. Garrafas de refrigerante e doces são deixados no local para lembrar as privações dos seqüestrados.


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