São Paulo, terça, 13 de outubro de 1998

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ELEIÇÃO NOS EUA
Eleitor apóia candidatos do partido de Clinton e rejeita impeachment
Apesar do caso Lewinsky, cresce apoio a democratas

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington

Pesquisa publicada ontem pelo jornal "The Washington Post", 1 dos 5 mais influentes do país, mostra que a maioria da opinião pública norte-americana desaprova a condução do processo de impeachment do presidente Bill Clinton pelo Congresso dos EUA.
Pela primeira vez desde que Clinton admitiu, em 17 de agosto, ter tido "relação não apropriada" com Monica Lewinsky, uma pesquisa indica que, entre pessoas dispostas a votar nas eleições parlamentares de 3 de novembro, o apoio a candidatos do Partido Democrata, do governo, cresceu.
O voto nos EUA não é obrigatório. Por isso, embora Clinton tenha mantido durante todo o escândalo o apoio da maioria dos eleitores nas pesquisas de opinião pública, entre as pessoas mais dispostas a votar em novembro a oposição vinha ganhando muitos pontos devido ao caso Lewinsky.
Em geral, entre 33% e 40% dos eleitores votam em pleitos parlamentares de meio de mandato presidencial, como o deste ano. Os que comparecem a essas eleições costumam ser mais idosos, conservadores, brancos e homens.
Esse é o perfil do eleitor do Partido Republicano, de oposição. Além disso, o escândalo Lewinsky energizou as lideranças religiosas, que se mobilizaram para transformar as eleições num referendo sobre o comportamento moral de Clinton no escândalo Lewinsky.
A divulgação do vídeo com o depoimento de Clinton ao júri de inquérito do caso, no entanto, marcou uma reviravolta na opinião pública. Cresceu o número dos que acham que o Congresso, controlado pela oposição, está usando o episódio para fins políticos.
Além disso, segundo a pesquisa do "Post", muitos eleitores do Partido Democrata que estavam desanimados em relação à perspectiva de votar em novembro mudaram de idéia e agora acham importante comparecer às urnas.
A pesquisa do "Post" não faz previsões sobre perdas ou ganhos dos dois partidos no Congresso. Mas analistas que apenas um mês atrás achavam que a oposição poderia ampliar sua maioria em 30 cadeiras na Câmara (atualmente a vantagem é de 22) e seis no Senado (a atual é de dez), agora revisam esses números para dez cadeiras a mais na Câmara e três no Senado.
O índice de aprovação do governo Clinton, segundo a pesquisa do "Post", passou de 63% na semana retrasada para 67% há dois dias.
O presidente é quem fala agora em referendo a respeito das eleições de novembro. Não sobre o seu comportamento moral, mas sobre a maneira como o Congresso, dominado pela oposição, vem agindo (na opinião de Clinton, interessado apenas em política partidária).



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