|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INSEGURANÇA
Medo de atentado abala nova-iorquinos
Moradores da cidade vivem dia de angústia em meio a especulações sobre eventual ato terrorista
TETÉ RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA EM NOVA YORK
Quando tudo parecia estar entrando na normalidade, os nova-iorquinos voltaram a sentir um
frio na espinha. Pelo menos essa
era a sensação na manhã de ontem em Manhattan.
O advogado George Adams, 43,
mora na cidade há 16 anos. Nascido em Oregon, mudou-se "para
ver coisas diferentes e viver as
grandes emoções que Nova York
promete", segundo disse à Folha.
"Mas claro que não considerei essas coisas horríveis pelas quais a
cidade está passando."
Para ele, esse avião que caiu hoje
em Queens foi só um lembrete do
que aconteceu dois meses atrás.
"Não deve ser um ato terrorista,
eles são mais maquiavélicos que
isso, não iam derrubar as duas
torres e depois jogar um avião
sem um alvo nobre."
Mas ele acredita que todos estão
muito mais assustados que o normal, com medo de que tenha mais
coisa a caminho. "Essa é a maior
vitória dos terroristas, nos deixaram apavorados."
Mais assustada, a vendedora
Shirley Qian, 28, contou que estava ligando para todos os parentes
e amigos que moram em Queens.
"No dia 11 de setembro, todos me
ligaram, agora é a minha vez de
passar por essa angústia", disse.
"Não sei se isso tem a ver com os
terroristas e para mim não faz a
menor diferença. É uma tragédia
e atingiu Nova York, isso é má notícia o suficiente", desabafou.
"Na verdade, torço para ser coisa do Osama Bin Laden, porque
pelo menos assim a gente pode
pensar em se vingar disso tudo."
Sua colega, a também vendedora Rebecca Herman, 33, disse que,
se pudesse, sairia da cidade. "O
FBI está dizendo que o acidente
não tem nenhuma relação com os
terroristas, mas como eu vou
acreditar nisso?"
Na Union Square, que logo após
os ataques de setembro virou centro de reunião de parentes e amigos das vítimas, os amigos Edward Brown, 34, Gregory
Murphy, 37 e Richard Vazquez,
28, discutiam o assunto.
Brown, um professor de música
do Brooklyn, disse que não acreditava em um simples acidente.
"É difícil admitir que os terroristas estão vencendo essa guerra,
mas é a verdade."
Murphy, que trabalha em um
escritório de informática, não
concorda com o amigo. "Aviões
caem de vez em quando. Nova
York é que não anda com sorte."
Vazquez, recepcionista em uma
academia de ginástica, disse que
prefere esperar as investigações.
"A única coisa que eu posso afirmar nesse momento é que não
entro em um avião tão cedo."
Texto Anterior: Putin faz visita oficial aos EUA Próximo Texto: Diversidade étnica e concentração de brasileiros marcam Queens Índice
|