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Guerra pode custar US$ 1 bi por mês
JAMES DAO
DO "THE NEW YORK TIMES"
Os EUA prevêem gastar mais de
US$ 1 bilhão por mês nas etapas
iniciais da guerra no Afeganistão,
e esse custo poderá subir rapidamente à medida que o Pentágono
for acumulando forças na região,
segundo representantes do governo e do Congresso.
A guerra e seus custos associados têm sido relativamente limitados até agora, envolvendo apenas um número pequeno de forças de operações especiais em terra no Afeganistão e várias dezenas
de missões de bombardeio por
dia, em sua maioria conduzidas
por caças que decolam de três
porta-aviões que se encontram no
mar da Arábia.
Mas os custos do conflito vêm
subindo quase diariamente, à medida que os EUA vêm ampliando
sua presença militar no Afeganistão e na região, dizem congressistas. E, nas próximas semanas, os
estrategistas militares prevêem
um aumento acentuado nos custos de coisas como a modernização de aeroportos na Ásia Central
para que possam ser usados por
aviões de combate e transporte
americanos, o aumento no número de bombas lançadas sobre o
Afeganistão e o envio de aviões e
tropas terrestres adicionais.
Além do custo da guerra, o Pentágono vem tendo que pagar para
que forças da reserva e da Guarda
Nacional prestem assistência no
exterior, forneçam segurança em
aeroportos domésticos e conduzam patrulhas aéreas sobre Nova
York, Washington e outras cidades. Quase 55 mil homens da reserva e da Guarda Nacional foram
convocados para prestar serviço.
"Não estamos falando num aumento aritmético dos custos, mas
geométrico", disse um membro
do governo. O nível atual de gastos com a guerra não vem causando preocupações generalizada no
Congresso, onde o apoio para a
campanha continua forte. Reservadamente, porém, alguns parlamentares já afirmaram temer que
um conflito prolongado e mais intenso acabe prejudicando não
apenas os programas domésticos
americanos, mas também os planos de longo prazo do Pentágono
de desenvolver novos sistemas de
armas. Alguns legisladores já começam a falar na possibilidade de
pedir que os países aliados ajudem a financiar a guerra, como na
Guerra do Golfo (91), quando os
aliados dos EUA na coalizão, especialmente os países árabes, pagaram 90% da conta de US$ 60 bilhões. "Será que nossos aliados
vão começar a investir, ou vão
apenas enviar tropas e navios?",
perguntou o deputado democrata
Norm Dicks. "Uma medida de
seu nível de apoio seria o dinheiro
contribuído."
Embora o Pentágono ainda não
tenha divulgado a contabilidade
oficial dos custos da guerra, já disse ao Congresso que vai precisar
de US$ 3,8 bilhões para financiar
os três primeiros meses do conflito. A maior parte desse dinheiro é
para despesas operacionais, coisas como combustível de jatos,
peças avulsas e os abonos de combate, de US$ 150 mensais, pagos
aos 50 mil soldados na Ásia.
Mas um indicativo mais claro
dos custos previstos da guerra foi
dado pelo plano do governo de
abrir mão de metade da verba
emergencial de US$ 40 bilhões autorizada pelo Congresso após os
atentados terroristas de 11 de setembro. Esse dinheiro está sendo
usado não apenas para cobrir o
custo direto dos combates no Afeganistão, mas também para financiar aviões de espionagem,
fortalecer operações de inteligência, reconstruir o Pentágono e refazer estoques de munições.
Alguns altos funcionários do
governo disseram que, se a guerra
for ampliada de maneira significativa, como prevêem alguns oficiais, o Pentágono pode gastar os
US$ 20 bilhões de verba emergencial até o início de fevereiro.
Um grande deslocamento de
tropas terrestres, de longe o mais
caro elemento de qualquer campanha militar, aumentaria significativamente os custos da guerra,
disseram membros do governo.
Embora o secretário da Defesa,
Donald H. Rumsfeld, se negue a
prever se o número de tropas enviadas será grande ou pequeno,
ele já disse que o Pentágono pretende enviar mais forças especiais
ao Afeganistão e empregar mais
aeronaves de combate.
Legisladores e analistas militares dizem que o Pentágono pode
estar exagerando os custos para
cobrir seus gastos com programas
de armamentos que estão em desenvolvimento. Os analistas dizem que, a não ser que o Pentágono envie dezenas de milhares de
soldados para ação em terra, a
guerra custará cerca de US$ 1 bilhão por mês - o custo da campanha aérea na Iugoslávia (99).
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