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PALESTINA ÓRFÃ
Presidente diz que trabalhará no seu segundo mandato pelo projeto; premiê britânico afirma que é preciso assegurar a infra-estrutura
Bush e Blair falam em Estado palestino
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, George
W. Bush, e o premiê britânico,
Tony Blair, afirmaram ontem que
a morte do líder palestino Iasser
Arafat, na véspera, oferece uma
nova oportunidade para a retomada das negociações de paz no
Oriente Médio. Os dois líderes
prometeram trabalhar juntos pela
criação de um Estado palestino.
"Acredito que tenhamos uma
grande chance de estabelecer um
Estado palestino e pretendo usar
os próximos quatro anos investindo o capital dos EUA nesse Estado. Creio ser de interesse do
mundo que um Estado verdadeiramente livre se desenvolva", disse Bush em entrevista coletiva
concedida com Blair. O presidente recebeu o premiê na Casa Branca para debater questões de política externa, nas quais tem o Reino
Unido como maior aliado.
"Se queremos um Estado palestino viável, temos de assegurar
que a infra-estrutura política, econômica e de segurança desse Estado seja desenhada e receba auxílio para se tornar realidade",
afirmou Blair.
Os dois defenderam a coexistência pacífica de um Estado palestino ao lado de Israel. "O premiê Blair e eu dividimos a visão de
um Oriente Médio amplo, democrático, pacífico e livre. Essa visão
deve incluir uma resolução pacífica e justa do conflito árabe-israelense, baseada em dois Estados
democráticos, Israel e Palestina,
convivendo lado a lado em paz e
segurança", declarou Bush.
Nos últimos quatro anos, o presidente recebeu uma série de críticas pelo pouco empenho no processo de paz árabe-israelense, em
detrimento do combate ao terrorismo e da Guerra do Iraque. Para
seu próximo mandato, que começa em 20 de janeiro, Bush promete maior dedicação às negociações, congeladas desde o fracasso
do chamada Mapa da Paz -um
plano patrocinado pelos EUA, a
Rússia, a União Européia e a
ONU.
Outra novidade no discurso de
ontem foi que o presidente preocupou-se em ressaltar diversas
vezes a importância do diálogo
internacional, numa sensível mudança de tom em relação a debates anteriores.
"Vou mobilizar a comunidade
internacional para ajudar a reavivar a economia palestina, a reforçar as instituições de segurança
palestina para combater o terror,
para ajudar o governo palestino a
combater a corrupção e a reformar o sistema político palestino a
fim de construir instituições democráticas", afirmou Bush.
Blair e Bush também usaram a
entrevista conjunta para reforçar
sua posição como aliados. O premiê tem sido bastante cobrado
em seu país pela falta de uma contrapartida americana a seu apoio
em questões pouco populares, como a Guerra do Iraque.
"O premiê tomou sua decisão
[de ir à guerra no Iraque] porque
ele queria cumprir seu dever de
garantir a segurança do povo do
Reino Unido. Ele tem plena capacidade de tomar suas decisões sozinho, é um homem forte e capaz", disse Bush ao ser indagado
por um jornalista britânico se via
Blair como seu "poodle", conforme a imprensa do país caracterizou a relação entre os dois líderes.
"Sobre esse conceito de contrapartida, eu quero acrescentar que
nós não estamos travando essa
guerra contra o terrorismo porque somos aliados dos EUA. Nós
somos aliados dos EUA porque
acreditamos na guerra contra o
terrorismo", afirmou Blair.
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