São Paulo, sábado, 13 de novembro de 2004

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PALESTINA ÓRFÃ

Presidente diz que trabalhará no seu segundo mandato pelo projeto; premiê britânico afirma que é preciso assegurar a infra-estrutura

Bush e Blair falam em Estado palestino

LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, George W. Bush, e o premiê britânico, Tony Blair, afirmaram ontem que a morte do líder palestino Iasser Arafat, na véspera, oferece uma nova oportunidade para a retomada das negociações de paz no Oriente Médio. Os dois líderes prometeram trabalhar juntos pela criação de um Estado palestino.
"Acredito que tenhamos uma grande chance de estabelecer um Estado palestino e pretendo usar os próximos quatro anos investindo o capital dos EUA nesse Estado. Creio ser de interesse do mundo que um Estado verdadeiramente livre se desenvolva", disse Bush em entrevista coletiva concedida com Blair. O presidente recebeu o premiê na Casa Branca para debater questões de política externa, nas quais tem o Reino Unido como maior aliado.
"Se queremos um Estado palestino viável, temos de assegurar que a infra-estrutura política, econômica e de segurança desse Estado seja desenhada e receba auxílio para se tornar realidade", afirmou Blair.
Os dois defenderam a coexistência pacífica de um Estado palestino ao lado de Israel. "O premiê Blair e eu dividimos a visão de um Oriente Médio amplo, democrático, pacífico e livre. Essa visão deve incluir uma resolução pacífica e justa do conflito árabe-israelense, baseada em dois Estados democráticos, Israel e Palestina, convivendo lado a lado em paz e segurança", declarou Bush.
Nos últimos quatro anos, o presidente recebeu uma série de críticas pelo pouco empenho no processo de paz árabe-israelense, em detrimento do combate ao terrorismo e da Guerra do Iraque. Para seu próximo mandato, que começa em 20 de janeiro, Bush promete maior dedicação às negociações, congeladas desde o fracasso do chamada Mapa da Paz -um plano patrocinado pelos EUA, a Rússia, a União Européia e a ONU.
Outra novidade no discurso de ontem foi que o presidente preocupou-se em ressaltar diversas vezes a importância do diálogo internacional, numa sensível mudança de tom em relação a debates anteriores.
"Vou mobilizar a comunidade internacional para ajudar a reavivar a economia palestina, a reforçar as instituições de segurança palestina para combater o terror, para ajudar o governo palestino a combater a corrupção e a reformar o sistema político palestino a fim de construir instituições democráticas", afirmou Bush.
Blair e Bush também usaram a entrevista conjunta para reforçar sua posição como aliados. O premiê tem sido bastante cobrado em seu país pela falta de uma contrapartida americana a seu apoio em questões pouco populares, como a Guerra do Iraque.
"O premiê tomou sua decisão [de ir à guerra no Iraque] porque ele queria cumprir seu dever de garantir a segurança do povo do Reino Unido. Ele tem plena capacidade de tomar suas decisões sozinho, é um homem forte e capaz", disse Bush ao ser indagado por um jornalista britânico se via Blair como seu "poodle", conforme a imprensa do país caracterizou a relação entre os dois líderes.
"Sobre esse conceito de contrapartida, eu quero acrescentar que nós não estamos travando essa guerra contra o terrorismo porque somos aliados dos EUA. Nós somos aliados dos EUA porque acreditamos na guerra contra o terrorismo", afirmou Blair.


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