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Saída começa em 6 meses, diz democrata
Após conquistar controle do Congresso americano, oposição já cita data para iniciar retirada gradual de tropas no Iraque
Segundo jornal britânico, Bush e Blair discutiram por telefone mudar sua política para o país e admitiram participação de Irã e Síria
DA REDAÇÃO
Em entrevista à rede ABC de
TV, o senador democrata Carl
Levin afirmou que o presidente
George W. Bush deve informar
ao governo do Iraque que a presença dos EUA no país "não é
sem fim e que precisamos iniciar um redirecionamento gradual das forças em quatro ou
seis meses". Levin, que é cotado
para ser o líder do Comitê de
Serviços Armados do Senado
no novo Congresso, que assume em janeiro, também disse
que "a primeira ordem é mudar
a orientação da política dos
EUA em relação ao Iraque".
Já a Casa Branca evitou estabelecer prazos, mas, segundo o
jornal inglês "Observer", o presidente Bush e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, tiveram uma "longa discussão"
por telefone na última sexta-feira -três dias após as eleições
que deram a maioria aos democratas no Congresso dos EUA-
sobre como realizar mudanças
na política que a coalizão mantém para o Iraque.
Segundo o "Observer", Blair
insistiu na necessidade de regionalizar os esforços de paz
por meio do envolvimento de
Irã e Síria -acusados de apoiar
os insurgentes no Iraque- no
processo. O jornal também disse que, no mês passado, o Reino
Unido deu um ultimato à Síria,
exigindo que opte entre "exercer um papel construtivo na comunidade mundial" ou "continuar a apoiar o terrorismo".
Bush vem insistindo que as
tropas dos EUA não deixarão o
Iraque até que este consiga cuidar de sua própria segurança.
Ele também tem rejeitado estabelecer um prazo para a retirada porque, diz, isso só iria dar
mais ânimo aos insurgentes.
A Casa Branca afirmou, entretanto, que Bush está "aberto
a novas idéias". O chefe de gabinete de Bush, Joshua Bolten,
afirmou ser importante que se
tome alguma medida para assegurar que o Iraque possa ser
bem-sucedido e ter um governo democrático.
"É difícil para mim ver como
isso pode ser realizado em um
prazo pré-definido", afirmou
Bolten à ABC. "Mas o presidente Bush está aberto a novas
idéias. Todo mundo está revendo a situação", disse. "Ninguém
está feliz com a situação [no
Iraque]", completou .
Revisão da estratégia
Segundo Bolten, o presidente
pediu ao general Peter Pace,
chefe-adjunto do Estado-Maior do Exército americano,
para conduzir, no Pentágono,
uma revisão da estratégia do
país no Iraque. Outros departamentos e agências do governo
dos EUA também foram orientadas no mesmo sentido.
Bush deverá se reunir hoje
com o bipartidário Grupo de
Estudos Iraque, que irá recomendar políticas alternativas
para a situação em seu relatório
final. Amanhã será a vez de
Tony Blair se encontrar com o
grupo de estudos.
A Casa Branca informou que
Bush não irá receber recomendações finais do grupo, que é liderado por James Baker, ex-secretário de Estado ligado à família do presidente.
Bush escolheu justamente
um membro do grupo, o ex-diretor da CIA Robert Gates, para
substituir o secretário de Defesa Donald Rumsfeld, um dos
maiores arquitetos da Guerra
do Iraque e cuja demissão foi
anunciada após as eleições
ocorridas na semana passada.
O senador democrata Joseph
Biden, que deve encabeçar o
Comitê de Relações Exteriores
da casa, disse estar inclinado a
apoiar Gates, cuja nomeação
requer a aprovação do Senado.
"Conheço algumas das posições de Gates sobre a situação
no Iraque. Sei que ele não era
da escola de Rumsfeld", disse
Biden à ABC. Biden também
pediu uma conferência internacional sobre o Iraque, que incluiria Irã, Síria e Turquia.
O líder democrata no Senado, Harry Reid, afirmou à rede
CBS que "é preciso redirecionar as tropas", mas que a decisão deveria "ser tomada pelas
autoridades militares americanas no Iraque". Disse também
que não irá insistir em uma data específica para o início da retirada, mas que ela deveria começar nos próximos meses.
Com agências internacionais
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