São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Próximo Texto | Índice

Saída começa em 6 meses, diz democrata

Após conquistar controle do Congresso americano, oposição já cita data para iniciar retirada gradual de tropas no Iraque

Segundo jornal britânico, Bush e Blair discutiram por telefone mudar sua política para o país e admitiram participação de Irã e Síria


DA REDAÇÃO

Em entrevista à rede ABC de TV, o senador democrata Carl Levin afirmou que o presidente George W. Bush deve informar ao governo do Iraque que a presença dos EUA no país "não é sem fim e que precisamos iniciar um redirecionamento gradual das forças em quatro ou seis meses". Levin, que é cotado para ser o líder do Comitê de Serviços Armados do Senado no novo Congresso, que assume em janeiro, também disse que "a primeira ordem é mudar a orientação da política dos EUA em relação ao Iraque".
Já a Casa Branca evitou estabelecer prazos, mas, segundo o jornal inglês "Observer", o presidente Bush e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, tiveram uma "longa discussão" por telefone na última sexta-feira -três dias após as eleições que deram a maioria aos democratas no Congresso dos EUA- sobre como realizar mudanças na política que a coalizão mantém para o Iraque.
Segundo o "Observer", Blair insistiu na necessidade de regionalizar os esforços de paz por meio do envolvimento de Irã e Síria -acusados de apoiar os insurgentes no Iraque- no processo. O jornal também disse que, no mês passado, o Reino Unido deu um ultimato à Síria, exigindo que opte entre "exercer um papel construtivo na comunidade mundial" ou "continuar a apoiar o terrorismo".
Bush vem insistindo que as tropas dos EUA não deixarão o Iraque até que este consiga cuidar de sua própria segurança. Ele também tem rejeitado estabelecer um prazo para a retirada porque, diz, isso só iria dar mais ânimo aos insurgentes.
A Casa Branca afirmou, entretanto, que Bush está "aberto a novas idéias". O chefe de gabinete de Bush, Joshua Bolten, afirmou ser importante que se tome alguma medida para assegurar que o Iraque possa ser bem-sucedido e ter um governo democrático.
"É difícil para mim ver como isso pode ser realizado em um prazo pré-definido", afirmou Bolten à ABC. "Mas o presidente Bush está aberto a novas idéias. Todo mundo está revendo a situação", disse. "Ninguém está feliz com a situação [no Iraque]", completou .

Revisão da estratégia
Segundo Bolten, o presidente pediu ao general Peter Pace, chefe-adjunto do Estado-Maior do Exército americano, para conduzir, no Pentágono, uma revisão da estratégia do país no Iraque. Outros departamentos e agências do governo dos EUA também foram orientadas no mesmo sentido.
Bush deverá se reunir hoje com o bipartidário Grupo de Estudos Iraque, que irá recomendar políticas alternativas para a situação em seu relatório final. Amanhã será a vez de Tony Blair se encontrar com o grupo de estudos.
A Casa Branca informou que Bush não irá receber recomendações finais do grupo, que é liderado por James Baker, ex-secretário de Estado ligado à família do presidente.
Bush escolheu justamente um membro do grupo, o ex-diretor da CIA Robert Gates, para substituir o secretário de Defesa Donald Rumsfeld, um dos maiores arquitetos da Guerra do Iraque e cuja demissão foi anunciada após as eleições ocorridas na semana passada.
O senador democrata Joseph Biden, que deve encabeçar o Comitê de Relações Exteriores da casa, disse estar inclinado a apoiar Gates, cuja nomeação requer a aprovação do Senado.
"Conheço algumas das posições de Gates sobre a situação no Iraque. Sei que ele não era da escola de Rumsfeld", disse Biden à ABC. Biden também pediu uma conferência internacional sobre o Iraque, que incluiria Irã, Síria e Turquia.
O líder democrata no Senado, Harry Reid, afirmou à rede CBS que "é preciso redirecionar as tropas", mas que a decisão deveria "ser tomada pelas autoridades militares americanas no Iraque". Disse também que não irá insistir em uma data específica para o início da retirada, mas que ela deveria começar nos próximos meses.


Com agências internacionais

Próximo Texto: Ataque contra recrutas mata 35 no Iraque
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.