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Jornais vão à guerra para influenciar Zapatero
LESLIE CRAWFORD
DO "FINANCIAL TIMES", EM MADRI
O lançamento de um novo
diário de circulação nacional na
Espanha deflagrou uma guerra
na mídia -não quanto à circulação, mas por poder e influência sobre o governo de José
Luis Rodríguez Zapatero.
"El Público" chegou às bancas do país no final de setembro
em meio a uma explosão de publicidade. Os anúncios mostravam homossexuais trocando
um beijo e uma avó usando
uma camiseta com dizeres rudes sobre o presidente George
W. Bush. A publicidade era um
tributo a Zapatero, que retirou
as tropas espanholas do Iraque
logo após assumir, em 2004, e
legalizou o casamento gay.
Jaume Roures, o magnata
das novas mídias que decidiu
enfrentar os barões da imprensa espanhola, diz que "El Público" será um jornal para uma
nova Espanha: irreverente e à
esquerda de "El País", o jornal
espanhol mais vendido, que representou as posições da liderança socialista por 31 anos.
Como seu jornal, Roures vem
tentando explorar as divisões
entre a velha e a nova esquerda
e não esconde que apoiará Zapatero nas eleições que o premiê deverá convocar até março.
A velha guarda socialista, líderes com idades na casa dos
60 anos, critica Zapatero de
muitas maneiras, entre elas por
ter prejudicado as relações com
os EUA e transferido mais poderes aos governos regionais.
As opiniões desse grupo são
freqüentemente refletidas nos
editorais do "País". Como resultado, o relacionamento de
Zapatero com o Prisa, o grupo
de mídia que edita "El País", esfriou de maneira perceptível.
Javier Moreno, editor do
"País", reconheceu que seu jornal se identificou com os socialistas, mas alega que isso já não
procede. Mesmo assim, a Prisa
reagiu como uma amante rejeitada aos favores conferidos pelo governo de Zapatero à Mediapro, de Roures, entre os
quais a concessão de uma licença para um canal de TV aberta.
O "Pais" respondeu ao rival
com uma reforma editorial.
Moreno diz que as mudanças
no design pretendem tornar o
jornal mais atraente.
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