São Paulo, sábado, 13 de novembro de 2010

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Casos de cólera aumentam 500% na capital do Haiti

Total de mortos no país já chega a 796; epidemia ainda não atingiu teto, estimam Médicos Sem Fronteiras

St-Felix Evens/Reuters
Pai segura filha com suspeita de cólera à espera de atendimento em um dos hospitais de campanha dos Médicos Sem Fronteiras, em Porto Príncipe

LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO

A epidemia de cólera está se espalhando pela capital do Haiti -onde está 1,3 milhão de desabrigados- em um ritmo sem precedentes desde o último fim de semana, segundo a organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF). Em uma semana, o número de infectados subiu 500%.
Foram 47 novos casos registrados pelo MSF no dia 4 de novembro e 285 no dia 10, quando foi feita a última contagem na capital. Nesse período, o total de novos pacientes chegou a 954 e 13 pessoas morreram.
Os dados não incluem os pacientes tratados em hospitais controlados pelo governo, que até ontem não havia divulgado informações específicas de Porto Príncipe.
Segundo Stefano Zannini, chefe do MSF no Haiti, o número de contaminações por cólera começou a subir muito no último domingo devido a dois fatores.
"O primeiro é que muitas pessoas viajaram nos dois primeiros fins de semana de novembro, principalmente no feriado do Dia dos Mortos. Elas tiveram contato com pessoas infectadas no interior do país e os casos começaram a aparecer nos últimos dias na capital", disse.
O segundo fator é a passagem do furacão Tomas pelo litoral do país no dia 11, que alagou cidades e favoreceu a contaminação de mais pessoas -já que a doença se propaga por água contaminada.
Mas, segundo o MSF, a maior parte das contaminações pela enchente ainda vai aparecer nos próximos dias, devido à evolução do ciclo natural da doença.
As regiões mais afetadas pela epidemia são as favelas de Citè Soleil, Martissant e Carrefour, os locais mais pobres da capital -onde fica grande parte dos acampamentos de desabrigados- e o centro da cidade, devastado pelo terremoto de janeiro.
Em todo o país, o número total de mortos chegou ontem a 796 e o de hospitalizados, a 12.303, desde o início da epidemia em outubro.
"Acredito que ainda não chegamos ao pico desta epidemia. Mas, é muito difícil prever a evolução das doenças no Haiti, pois não há nenhum estudo ou estatísticas. Acho que os casos vão continuar crescendo nas próximas semanas", disse o chefe da missão do MSF.

ELEIÇÕES
As eleições gerais programadas para o próximo dia 28 de novembro podem acelerar a propagação da doença, segundo Zaninni.
"Um dos fatores de risco em uma epidemia de cólera é a proximidade, o agrupamento de pessoas em um mesmo ambiente. Nas eleições, evidentemente, as pessoas ficarão amontoadas para votar e isso vai acelerar a epidemia", disse.
Nas últimas eleições presidenciais, realizadas entre 2005 e 2006, milhares de haitianos se concentraram em filas quilométricas. Devido ao grande número de pessoas, era impossível andar em algumas sessões eleitorais, montadas em escolas e prédios públicos.
Muitos dos candidatos à Presidência já pediram o adiamento do pleito por causa da epidemia. Eles se disseram incomodados por concorrentes que já estão fazendo propaganda até nos hospitais e centros de atendimento aos doentes.
A ONU, porém, diz que não há alterações no cronograma eleitoral.


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