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IRAQUE NA MIRA
Agência da ONU diz que precisa de 6 a 12 meses para concluir trabalho; EUA não vêem cronograma definido
Inspetores querem mais tempo no Iraque
DA REDAÇÃO
A Agência Internacional de
Energia Atômica (AIEA) disse
ontem que os inspetores de armas
da ONU precisam de seis meses a
um ano para completar seu trabalho no Iraque, apesar das pressões
dos EUA para que finalizem rapidamente sua missão.
"Estamos trabalhando dentro
das linhas de tempo que nos foram dadas pelas resoluções 1284 e
1441 do Conselho de Segurança
(CS) da ONU", disse Mark Gwozdecky, porta-voz da AIEA.
"Levará entre seis e 12 meses para alcançarmos uma posição segundo a qual o CS poderia suspender as sanções." O diretor da
AIEA, Mohamed El Baradei, disse
que há "muita ansiedade para que
terminemos nosso trabalho o
mais rápido possível". E acrescentou: "Precisamos de alguns meses
(...) Quanto tempo levará depende da cooperação do Iraque".
O tempo que será dado aos inspetores -que ontem visitaram
faculdades de ciência e tecnologia
em Bagdá- é um dos principais
pontos das discussões diplomáticas sobre a crise iraquiana.
Enquanto os EUA aceleram o
envio de tropas, os países que desejam frear a corrida rumo à guerra argumentam que qualquer
ofensiva só seria justificada depois de comprovado pela ONU
que Saddam Hussein tenta desenvolver armas de destruição em
massa, vetadas pelas resoluções.
Os inspetores dizem que ainda
não encontraram provas disso.
O chefe dos inspetores da ONU,
Hans Blix, admitiu ontem estar
preocupado com a pressão exercida pelo movimento de tropas
dos EUA. "Todos sentem que há
um certo impulso numa escalada
militar como essa, e podemos todos ficar ansiosos e preocupados
com isso", disse Blix. "Eu represento o desarmamento por meio
de inspeções, e faremos o nosso
melhor para seguir nessa linha."
Ele afirmou que os inspetores
ampliaram as buscas e visitaram
novos lugares em razão da cooperação de alguns países, que lhes
passaram dados de inteligência.
Os diretores da AIEA e da Unmovic (órgão da ONU que busca
as armas químicas e biológicas
iraquianas) devem apresentar em
27 de janeiro ao CS um parecer
sobre as inspeções e a cooperação
iraquiana. Representantes dessas
agências dizem que a data não deve ser vista como o momento de
definição final das inspeções.
A Casa Branca afirmou ontem
que o presidente George W. Bush
não quer fixar data para o fim das
inspeções. "O presidente acha importante que os inspetores façam
o seu trabalho e tenham tempo
para isso", disse um porta-voz.
Autoridades americanas dizem
que fatores políticos e logísticos
podem adiar por meses o início
de um ataque. Observadores militares argumentam que, com o envio de mais cerca de 60 mil soldados à região, Bush em breve terá
de optar: ou dá ordens para agir,
ou os chama de volta. Mantê-los
no Golfo por muito tempo significaria custos muito altos.
Já o premiê britânico, Tony
Blair, afirmou que não quer impor um "cronograma arbitrário"
sobre o trabalho dos inspetores.
Aliado de Bush, Blair enfrenta
oposição à guerra dentro do seu
Partido Trabalhista e uma opinião pública que só apóia a guerra
se houver aprovação da ONU.
Uma pesquisa de opinião do
instituto YouGov mostrou que
apenas 13% dos britânicos aprovariam ofensiva sem o aval do CS.
E 58% não consideram Saddam
uma ameaça que justifique o início de um conflito. O premiê enfatizou que deseja ver a questão negociada na ONU, mas não descartou a possibilidade de Washington e Londres agirem de forma independente. Blair disse que a gravidade da ameaça iraquiana o impossibilita de ser contido por um
"bloqueio insensato" de algum
outro país a uma resolução da
ONU autorizando o ataque.
Bombardeio
Bagdá anunciou ontem que seis
pessoas ficaram feridas num
bombardeio de jatos britânicos e
americanos contra um alvo civil
na zona de exclusão aérea no sul
do país. Os EUA dizem que atacaram uma base de mísseis que
ameaçava embarcações no Golfo.
Autoridades militares americanas declararam ao "The New
York Times" que receberam
ameaça terrorista contra as tropas
que estão sendo transferidas ao
Oriente Médio. A segurança foi
reforçada para evitar atentados.
Com agências internacionais
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