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PASSADO
Governo não divulgou dados para evitar constrangimentos
Israel conhecia a ascendência
judaica de Albright há 2 anos
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington
O governo de Israel sabia há pelo
menos dois anos das origens judaicas da secretária de Estado dos
EUA, Madeleine Albright, mas
preferiu manter o assunto em segredo para não lhe criar constrangimentos. O ex-embaixador de Israel junto à Organização das Nações Unidas (ONU) Gad Yaccobi
disse ter tratado do caso com o primeiro-ministro Yitzhak Rabin e
seu sucessor, Shimon Peres.
O fato de os avós de Albright serem judeus, e não católicos como
ela acreditava, e morrerem em
campos de concentração nazista
só se tornou público há 15 dias,
quando o jornal "The Washington Post" publicou a informação.
O prefeito de uma cidade da República Tcheca escrevera em 1994
a Albright, então embaixadora dos
EUA junto à ONU, para informá-la da descoberta de documentos sobre a morte de seus avós em
campos de concentração, de acordo com reportagem do jornal
"The New York Times".
Albright não respondeu às quatro cartas de Petr Silar, prefeito de
Lethorad. Quando o "Washington Post" revelou a ascendência
judaica de Albright, ela disse ter tido "uma grande surpresa".
Um porta-voz de Albright afirma
que ela não se recorda de ter lido as
cartas de Silar. "A embaixadora
recebia um enorme volume de cartas e não podia ler todas elas", disse James Rubin sobre o assunto.
Madeleine Albright, 59, foi educada como católica por seus pais,
Josef e Mandula Korbel. Ela nasceu
na então Tchecoslováquia em
1937. No ano seguinte, a família se
mudou para Londres, onde seu
pai, diplomata, servia quando a
Segunda Guerra eclodiu (1939).
Após a guerra, os Korbel voltaram
para seu país. Em 1948, emigraram
para os EUA quando os comunistas assumiram o poder no seu país.
Apesar de ter se declarado surpreendida com a reportagem do
"Post", Albright fora aconselhada no ano passado por assessores a
ser menos categórica ao negar a
possibilidade de seus ascendentes
terem sido judeus.
Durante as audiências no Senado
para a confirmação de seu nome
como secretária de Estado, Albright afirmou, voluntariamente,
haver uma possibilidade de ela ser
descendente de judeus.
Segundo o porta-voz Rubin, todos os parentes de Albright estavam integrados na vida social e política da Tchecoslováquia e só podiam ser considerados judeus pelas leis da Alemanha nazista.
Aparentemente, os pais de Albright resolveram criar uma história fictícia de catolicismo na família para proteger seus três filhos
das perseguições de que os judeus
eram alvo nas décadas de 30 e 40.
O avô de Albright, Arnost Korbel, morreu em 1942 no campo de
Teresienstadt, perto de Praga. A
avó, Olga Korbel, morreu no final
de 1944 em Auschwitz, na Polônia.
O fato de Albright ter ascendência judaica não é visto por diplomatas como uma dificuldade para
a sua atuação como secretária de
Estado, mesmo na tradicional mediação que os Estados Unidos têm
realizado no processo de pacificação do Oriente Médio.
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