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ENCONTRO
Presidente deposto do Equador se reúne a portas fechadas com Carlos Menem; Cavallo elogia ``El Loco''
Argentina reforça apoio a Bucaram
RODRIGO BERTOLOTTO
de Buenos Aires
O presidente
deposto do
Equador, Abdalá Bucaram,
chegou ontem à
Argentina e
transportou para esse país o clima de discórdia.
Enquanto Bucaram se reunia
com o presidente Carlos Menem, o
ex-presidente Raúl Alfonsín chamava o povo às ruas, caso seja
aprovada a segunda reeleição de
Menem pelo Congresso.
``Menem passaria a ser um usurpador, e teríamos de ir com o povo
até a Casa Rosada e dizer isso a
ele'', disse Alfonsín. Ontem mesmo, o ex-presidente foi processado por incitamento à rebelião.
As declarações de Alfonsín foram uma reação ao projeto de lei
do senador ultramenemista Jorge
Yoma, que regulamenta os plebiscitos. Isso seria o primeiro passo
para uma mudança na Constituição do país que possibilitaria a
``re-reeleição'' de Menem em
1999. Menem chegou ao poder em
1989, sucedendo Alfonsín, e se reelegeu presidente em 1995.
Em seu giro latino-americano,
Bucaram desembarcou ontem pela manhã no aeroporto de Ezeiza e
almoçou com Menem na residência oficial de Olivos.
O encontro foi classificado como
uma visita privada. ``Alarcón é um
ditador. Que eu saiba, ele não me
venceu em nenhuma eleição'', disse o ex-mandatário equatoriano
antes de reunir com Menem e o
chanceler Guido di Tella.
``Admiro muitíssimo Carlitos
Menem. Ele é um exemplo para a
América e para o mundo.''
Bucaram disse que vai ficar no
país até domingo para assistir uma
partida entre os times Boca Juniors
e River Plate.
Ele falou do fracasso na implantação de seu plano econômico,
inspirado no similar argentino e
monitorado pelo próprio Domingo Cavallo, mentor do plano que
igualou o peso ao dólar e interrompeu a hiperinflação argentina.
``A oposição foi contra o plano
porque não suportava a idéia de
trabalhar'', afirmou Bucaram, que
tem o apelido de ``El Loco''.
Reação de Cavallo
Em um almoço com investidores
de Wall Street, Cavallo classificou
de ``irresponsáveis'' os líderes
equatorianos que destituíram seu
cliente. O caos institucional do
país andino foi tratado com ironia
pelos empresários. Cavallo disse
não estar arrependido de ter auxiliado o governo Bucaram. ``Ele
tem um estilo bem conhecido e
não mudou quando foi eleito.''
Disse ainda que o plano de convertibilidade não chegou a ser aplicado, e o aumento de preços dos
serviços públicos, decretado por
Bucaram, era uma necessidade.
Cavallo elogiou o apoio de Menem a Bucaram, a quem caracterizou como um ``líder que tem o
apoio dos setores marginais da população e está mais capacitado para levar a cabo mudanças do que os
políticos tradicionais''.
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