São Paulo, terça-feira, 14 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidente sérvio responsabiliza Corte de Haia por morte de ditador

DA REDAÇÃO

Em meio a teorias conspiratórias que creditam a morte de Slobodan Milosevic a um assassinato por envenenamento ou a um suicídio a fim de não ser condenado, as quais ganharam fôlego após as informações reveladas pelo toxicologista holandês Donald Uges, o presidente da Sérvia, Boris Tadic, afirmou que as Nações Unidas são parcialmente responsáveis pela morte do ditador.
"Sem dúvida, Milosevic precisava que mais cuidado fosse tomado com sua saúde", disse Tadic.
O presidente sérvio disse ainda que, apesar de a morte de Milosevic haver maculado a credibilidade do Tribunal Penal Internacional, não prejudicaria a cooperação futura da Sérvia com a Corte.
Entre os críticos do papel do tribunal em Haia na morte do ditador estava a imprensa mais popular da Sérvia, que fazia coro a Tadic e afirmava que a Corte, se não tinha responsabilidade direta pelo corrido, ao menos era parcialmente responsável. "Assassinado", dizia a manchete de domingo do "Kurir", o tablóide mais vendido na Sérvia, segundo a rede de notícias britânica BBC.
Já entre os jornais dos países vizinhos à Sérvia e Montenegro, a sensação que transparecia era a de que o direito de fazer justiça contra o ditador lhes havia sido roubado. Na Bósnia-Herzegóvina, o diário de maior circulação, o "Dvevni Avaz", afirmava no domingo que "O carniceiro dos Bálcãs" estava morto.
Na Croácia, diz a BBC, o diário "Novi List" contava sobre a "frustração" das vítimas do ditador por ele não ter vivido para receber "uma sentença justa".
Na cidade natal de Milosevic, Pozarevac, as reações à morte do ditador incluíram descrença, indiferença, tristeza e até júbilo.
Embora a população da cidade tenha ficado satisfeita quando o ditador subiu ao poder, em 1987, como um defensor dos interesses dos sérvios na instável Iugoslávia, em 2000 muitos de seus concidadãos já haviam se voltado contra ele e festejaram sua extradição para ser julgado em Haia.
No domingo, admiradores de Milosevic se reuniram para assinar um livro de condolências, na sede local do Partido Socialista em Pozarevac. "Descanse em paz. Você será sempre o meu herói", lia-se em um das mensagens, segundo a agência de notícias Associated Press.
"Ele usava da força bruta contra seu próprio povo", dizia o ativista anti-Milosevic Sreten Zivanovic.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Milosevic trocou remédio, diz toxicologista
Próximo Texto: Guerra sem limites: Terrorista pode escapar da pena de morte
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.