|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cuba libera venda de computador, DVD e TV de 24 polegadas
Compras serão em pesos conversíveis, usados no turismo, diz memorando do governo que circula entre comerciantes estatais
Medida pode ser o primeiro movimento do novo líder cubano, que prometeu na posse abolir em semanas "proibições" simples na ilha
DA REDAÇÃO
O governo de Cuba autorizou
a venda de computadores, aparelhos de DVD ou vídeo -itens
até agora vetados a compradores particulares-, no que parece ser o primeiro movimento
do novo dirigente do regime,
Raúl Castro, para eliminar, como prometeu, o "excesso de
proibições" na vida da ilha.
A mudança consta de um memorando interno ao qual teve
acesso a agência Reuters em
Havana. "Baseado na melhora
de geração energética que o
país apresenta, um nível superior de direção aprovou a comercialização de algumas linhas de aparelhos cujas vendas
estavam proibidas", diz trecho.
O memorando lista TVs de 19
e 24 polegadas, bicicletas elétricas, microondas e alarmes
para carros. Também fala que
aparelhos de ar-condicionado,
outro grande objeto de desejo
dos cubanos, só serão liberados
em 2009, se houver energia.
O texto circula entre comerciantes oficiais de eletrônicos
na ilha, mas uma fonte ouvida
no Ministério do Comércio Interior cubano, em condição de
anonimato, pelo jornal de Miami "El Nuevo Herald" nega que
a nova regra já esteja valendo e
diz apenas que o governo "estuda" para breve a mudança.
Só estrangeiros e empresas
podem comprar computadores
em Cuba, enquanto aparelhos
de DVDs eram apreendidos no
aeroporto até o ano passado,
quando as regras aduaneiras
foram flexibilizadas.
A restrição de vendas de eletrodomésticos e equipamentos
eletrônicos começou na grave
crise que abateu a ilha pós-queda da União Soviética, e se intensificou com uma norma de
2003, numa tentativa de evitar
os constantes apagões.
A oferta de energia estabilizou-se em 2006, com importação e com o petróleo barato
vindo da aliada Venezuela.
Nova classe média
Todos os itens poderão ser
comprados com peso conversível (equivalente a US$ 1,08), a
moeda na ilha usada para comércio exterior e operadores
de turismo, que vale 24 vezes
mais que o peso cubano.
Ainda que a maioria não tenha acesso à moeda e tenha salários baixíssimos, calcula-se
que algo entre 10% e 15% dos
cubanos possam ser classificados como emergentes ou "nova
classe média", fruto da economia do turismo -donos de paladares e de casas que recebem
turistas, por exemplo.
Como a Folha constatou em
fevereiro, são eles que, com dinheiro no bolso e tolerância do
governo, lotam as Tendas de
Recuperação de Divisas, administradas pelo Exército desde
2005 e que, no começo, eram
abertas apenas para turistas.
Está nessa "nova classe média"
o maior descontentamento
com o "excesso de proibições"
a que se referiu Raúl Castro.
No poder desde julho de
2006, com a doença do irmão
Fidel, Raúl tornou-se formalmente o novo dirigente de Cuba em 24 de fevereiro.
No discurso de posse, ele
prometeu para as semanas seguintes o início da eliminação
de proibições "mais simples",
mas salientou que outras demorarão mais para serem abolidas, por estarem ligadas à temas de defesa nacional.
Para analistas, o que está em
jogo no atual comando da ilha é
justamente atender às expectativas geradas pela ascensão e
declarações de Raúl sobre mudanças econômicas e abertura
ao debate, enquanto permanecem o controle de meios de comunicação de massa, perseguição a dissidentes e controle do
acesso a internet -ainda que,
agora, aparentemente, com
computadores mais novos disponíveis a parte da população.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Protesto Quito: Acusa Bogotá de orquestrar campanha de mídia Próximo Texto: Bolívia: Morales aceita que igreja atue em diálogo com oposicionistas Índice
|