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Repressão aumenta no Tibete
Monges fazem greve de fome por prisão de 12 manifestantes, após protesto de centenas em Lhasa
Na segunda-feira, religiosos budistas foram detidos após irem às ruas para celebrar aniversário de revolta frustrada contra a China
Ashwini Bhatia/Associated Press
![](../images/e1403200801.jpg) |
Policiais indianos prendem tibetano que planejava marchar desde Dharamsala até o Tibete |
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Os monges tibetanos começaram ontem uma greve de fome, exigindo a libertação dos
manifestantes que fizeram o
maior protesto na região em
quase vinte anos.
O protesto pacífico, no qual
todos os monges se sentaram
no mosteiro de Sera, perto da
capital do Tibete, Lhasa, acontece após a prisão de 12 monges
na segunda-feira, quando centenas deles tomaram as ruas
para celebrar o 49º aniversário
de uma tentativa fracassada de
se libertar do domínio chinês.
Eles portavam bandeiras do
Tibete e cantavam slogans pedindo o retorno do dalai lama,
seu líder no exílio.
Outro protesto de monges
budistas, no norte da Índia,
também acabou em repressão.
Foi justamente em Dharamsala, onde fica o governo tibetano
no exílio e mora o dalai lama.
Mais de cem monges pretendiam fazer uma marcha de seis
meses dali até Lhasa, chegando
durante a realização da Olimpíada de Pequim.
Todos foram presos pela polícia do Estado indiano de Himachal Pradesh. O governo indiano diz que os tibetanos são
livres para morar e trabalhar na
Índia, mas impedidos de manifestações políticas.
Antes, a Índia costumava
apoiar os monges. "Houve uma
mudança na atitude, agora repressiva contra os monges para
não desagradar a China", acusa
a pesquisadora Meenakshi
Ganguly, da ONG americana
Human Rights Watch.
Blecaute informativo
Na imprensa chinesa, o assunto foi completamente ignorado. Nos canais estrangeiros a
cabo, como a CNN e a BBC,
sempre exibidos com atraso de
alguns minutos, o sinal era bloqueado pouco antes de qualquer menção ao assunto, deixando a tela do televisor escura.
A imprensa estrangeira na
China precisa pedir permissão
do governo para poder visitar o
Tibete, o que dificulta reportagens de lá. Sites das principais
organizações que defendem a
autonomia da região, Save Tibet (dirigida pelo ator americano Richard Gere) e Free Tibet,
são bloqueados na internet.
O porta-voz da Chancelaria
chinesa, Qin Gang, afirmou ontem que os manifestantes em
Lhasa estão buscando "espalhar agitação e distúrbios sociais". "Isso foi planejado cuidadosamente pela turma do dalai lama para separar o Tibete e
sabotar a estabilidade e harmonia do povo tibetano."
Os ativistas dizem que milhares de policiais usaram gás lacrimógeno contra os manifestantes, mas não há relatório de
feridos. Uma fonte disse ao jornal britânico "The Guardian"
que mais de 20 tanques bloqueavam os acessos aos mosteiros de Lhasa.
A China proibiu o alpinismo
na face norte do monte Everest,
o pico mais alto do mundo, antes da chegada da Tocha Olímpica ali. No ano passado, ativistas deixaram uma bandeira na
base do Everest com os dizeres
"Free Tibet" (Tibete Livre). Espera-se que o número de protestos pela libertação do Tibete
aumente este ano, às vésperas
das Olimpíadas de Pequim, que
será um holofote extra às causas abafadas pela China.
Na semana passada, a cantora islandesa Björk defendeu a
independência tibetana em um
show em Xangai e foi duramente criticada pelo Ministério da
Cultura do país.
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