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GUERRA SEM LIMITES
Secretário da Justiça culpa governos anteriores pelo 11/9
Comissão "indicia" FBI por erros
DA REDAÇÃO
A Comissão Nacional sobre
Ataques Terroristas contra os Estados Unidos divulgou relatório
ontem em que critica duramente
o Departamento da Justiça e o FBI
por reagirem de forma inadequada às ameaças da Al Qaeda. O presidente da comissão bipartidária
disse que o relatório equivalia a
um "indiciamento" do FBI.
A comissão ainda observou que
o secretário da Justiça, John Ashcroft, só priorizou o contraterrorismo quando já era tarde e que o
FBI estava praticamente em guerra consigo mesmo, devido às divergências internas sobre como
lidar com as ameaças terroristas.
Ashcroft depôs ontem na comissão e afirmou que os EUA foram surpreendidos pelos ataques
porque, "por quase uma década,
o governo fechou os olhos para os
inimigos". O secretário também
culpou barreiras impostas pelo
sistema judicial americano. "Mesmo que eles [agentes de inteligência] pudessem entrar nos campos
de treinamento de [Osama] bin
Laden, precisariam de uma bateria de advogados para agir."
De acordo com a comissão, o
sistema de computadores usado
pelo FBI (a polícia federal americana) era tão obsoleto que, após
os ataques do 11 de Setembro, o
órgão teve de mandar fotos dos
seqüestradores dos aviões por
correio expresso, ao invés de enviá-las por e-mail. Segundo a comissão, o sistema "empregava
tecnologia dos anos 80, já obsoleta
quando da instalação em 1995".
Em seu depoimento à comissão,
Louis Freeh, diretor do FBI entre
1993 e junho de 2001, disse que a
possibilidade de uso de aviões em
ataques já havia sido mencionada
no planejamento da segurança
dos Jogos Olímpicos de 1996, mas
defendeu a agência.
O ex-diretor afirmou que pediu
a contratação de quase 1.900 funcionários entre 1998 e 2001, mas
conseguiu somente 76. "Não é para criticar o Congresso nem o Departamento da Justiça. É para
mostrar o fato de que não era uma
prioridade nacional."
Thomas Pickard, outro ex-diretor do FBI que depôs ontem, disse
que Ashcroft rejeitou um pedido
de mais verbas para contraterrorismo no dia 10 de setembro de
2001. O relatório da comissão afirma que Pickard declarou que, em
uma reunião no meio de 2001,
Ashcroft lhe disse que "não queria
ouvir" mais informações sobre
possíveis ataques -o secretário
nega o episódio.
A comissão fez coro com as críticas de que o FBI tem seu desempenho prejudicado pela burocracia e pela falta de comunicação interna e com outras agências. Janet
Reno, ex-secretária da Justiça durante a administração Bill Clinton
(1993-2001), que também depôs
ontem, foi na mesma linha: "A
mão direita não sabia o que a mão
esquerda estava fazendo".
Anteontem, o presidente George W. Bush afirmou que "talvez
seja o momento de reformar nossos serviços de inteligência". Entre as propostas, está a da criação
de uma nova agência, nos moldes
do MI5 -um dos serviços secretos britânicos, que cuida da segurança interna do país, mas não
tem poderes de polícia. Segundo
esse plano, o FBI perderia para o
novo órgão sua competência para
cuidar de contra-espionagem e
contraterrorismo. No ano passado, comitês do Senado e da Câmara concluíram que a idéia de
uma agência de segurança interna
deveria ser reexaminada.
Com agências internacionais e "The New
York Times"
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