São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 2011

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Egito prende ex-ditador e dois filhos em investigação

Hosni Mubarak responderá por mortes e desvio e filhos, por corrupção

Cenário impensável há poucos meses seria uma estratégia dos militares no poder para reaver a simpatia da população

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Dois meses após ser forçado a renunciar à Presidência sob uma onda de protestos populares, o ex-ditador do Egito Hosni Mubarak recebeu ontem uma ordem de prisão preventiva.
A Promotoria determinou a detenção por 15 dias de Mubarak e seus filhos, Gamal e Alaa. O ex-ditador é acusado de responsabilidade no assassinato de manifestantes e de desvio de dinheiro público. Os filhos são investigados por corrupção.
É a primeira vez que um presidente é detido para investigação, cenário impensável até poucos meses atrás no Egito e nas outras ditaduras do mundo árabe.
Mubarak, 82, permanece num hospital do balneário de Sharm el Sheikh. Ele foi internado por problemas cardíacos na terça-feira, enquanto era interrogado. Ainda não foi definido onde ele ficará detido quando receber alta.
Já Gamal e Alaa foram levados de avião militar para a prisão de Tora, nos arredores do Cairo. Membros do alto escalão do antigo regime, além de empresários, estão presos no mesmo local.
Desde a renúncia, em 11 de fevereiro, Mubarak vive com a família em sua mansão em Sharm el Sheikh, às margens do mar Vermelho.
A junta militar que assumiu o governo afirmou que o ex-ditador estava em prisão domiciliar. Mas isso não aplacou a fúria dos oposicionistas, que continuavam a ocupar a praça Tahrir, epicentro dos protestos do começo deste ano.
A ordem de detenção contra Mubarak e seus filhos foi tida como tentativa dos generais de recuperar apoio, num momento em que a lua-de-mel entre oposição e Exército dava sinais de azedar.
No último sábado, soldados invadiram a praça para desfazer uma vigília contra o regime e prender oficiais que defendiam a saída do chefe da junta militar, o marechal Mohamed Hussein Tantawi.
Pelo menos dois manifestantes foram mortos, segundo dados oficiais. Oposicionistas dizem que foram sete. Foi a repressão mais violenta desde que a ação que matou mais de 300 na revolução.
Embora a prisão seja uma vitória para a oposição, não deve bastar para unificá-la a tempo para as eleições parlamentares de setembro.
As forças mais organizadas são o Exército e a Irmandade Muçulmana, que, graças à revolução, emergiu como partido político depois de décadas proibido pelo governo. Alem disso, membros do Partido Nacional Democrático (PND), de Mubarak, mantêm nichos de influência.


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