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COLÔMBIA
Líderes de grupo terrorista de direita terão passe livre a área especial para seguir negociação
Uribe faz novo acordo com paramilitares
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
Apoiado pela OEA (Organização do Estados Americanos) e pela Igreja Católica, o governo colombiano, do presidente Álvaro
Uribe, surpreendeu ao anunciar
ontem um acordo pelo qual os
principais líderes das AUC (Autodefesa Unida da Colômbia), grupo paramilitar terrorista de direita, se comprometem a se mudar
para uma zona especial para continuar as negociações de desmobilização com o Estado.
O procurador-geral da República, Edgardo Maya, disse que 14 dirigentes paramilitares ficarão
"numa área aproximada de 300
km2 [equivalente a uma floresta
da Tijuca], localizada no Departamento de Córdoba".
"É um bom começo do processo de entendimento que vai existir
entre o Estado e este grupo à margem da lei", disse
Essa região é um dos principais
redutos paramilitares do país. Os
dirigentes estarão acompanhados
de outros 400 paramilitares.
As AUC possuem cerca de 12
mil homens armados. Além do
envolvimento com o narcotráfico, elas lideram as acusações de
chacina e de expulsão de civis nas
áreas que controlam.
As medidas incluem: 1) monitoramento da OEA; 2) fim das ações
violentas; 3) vigência de seis meses, prorrogável; 4) os paramilitares só podem sair da área com autorização prévia; 5) eles não poderão ser extraditados para os EUA.
Para o analista colombiano Alfredo Rangel, ao contrário das
frustradas negociações com as
Farc (guerrilha terrorista de esquerda), o acordo cria condições
rígidas para as negociações, mas
não garante o fim da violência dos
paramilitares.
"As condições podem garantir
uma concentração dos membros
das AUC nessa zona do país, evitando os riscos ocorridos durante
o processo de paz entre o presidente Andrés Pastrana [1998-2002] e a guerrilha das Farc", disse
Rangel. Como assessor de Pastrana, ele participou das fracassadas
negociações com a guerrilha, que
obteve grande área desmilitarizada para negociar a paz.
"Por outro lado, o acordo não
garante o cumprimento da trégua. A concentração é de uma
parte muito pequena dos seus
membros. O resto vai continuar
em condições de continuar prejudicando a população civil", disse.
Rangel disse que já havia um
acordo de cessar-fogo entre as
AUC e o governo do presidente
Álvaro Uribe em vigor durante
todo o ano passado. Mesmo assim, as AUC realizaram ao menos
200 assassinatos no período.
O anúncio causou surpresa no
país, pois acreditava-se que as negociações estivessem suspensas
depois do misterioso desaparecimento do principal líder das
AUC, Carlos Castaño, há cerca de
um mês, após um suposto ataque
de paramilitares rivais.
Para Otty Patiño, ex-líder do
grupo guerrilheiro esquerdista
M-19, a ausência de Castaño compromete as negociações. "A negociação está em colapso. Toda a estratégia foi desenhada sob a liderança de Castaño."
Com agência internacionais
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