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São Paulo, sábado, 14 de junho de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Operação reúne 4.000 soldados em caça à resistência iraquiana; onda de violência é a pior do pós-guerra

EUA matam 97 iraquianos em dois dias

DA REDAÇÃO

O recrudescimento das tensões entre soldados americanos e a resistência no Iraque produziu um saldo de 97 iraquianos mortos nos últimos dois dias. As ações fazem parte da "Operação Ataque na Península", deflagrada na quarta-feira nas regiões central e noroeste do país com o intuito de conter focos de resistência leais ao ex-ditador Saddam Hussein, desaparecido desde o início de abril.
Cerca de 4.000 soldados americanos, dos 140 mil estacionados no Iraque, participam da ação.
O confronto de ontem, que deixou 27 mortos, ocorreu em Balad (90 km a noroeste de Bagdá), mesma cidade onde foram presos 397 iraquianos na quarta-feira.
Segundo os militares americanos, um grupo organizado de agressores teria disparado granadas com propulsores em direção a um tanque da 4ª Divisão de Infantaria que patrulhava a cidade.
O tanque revidou, disparando, e quatro iraquianos foram mortos. Os demais fugiram e foram perseguidos. "Tanques, veículos de combate e helicópteros Apache perseguiram os inimigos, matando 23 agressores", disse um comunicado americano.
Não houve baixas entre os soldados dos EUA. Entretanto 35 foram mortos desde que o presidente George W. Bush declarou o fim dos combates principais, há seis semanas. Outros dez morreram em acidentes, o que soma um quarto das 183 baixas americanas desde o início da guerra.
Em Fallujah (70 km a oeste de Bagdá), uma das cidades mais tensas no pós-guerra, o corpo de um soldado da coalizão foi achado ontem à beira de um lago. O caso está sob investigação.

Campo terrorista
Dentro da "Operação Ataque na Península", as tropas dos EUA atacaram, entre quarta e quinta-feira, um suposto campo terrorista 150 km a oeste de Bagdá, matando ao menos 70 supostos terroristas - parte deles, estrangeira. Os EUA também apreenderam entre 70 e 80 mísseis de superfície, 78 granadas com propulsores e vários rifles AK-47. A ação ainda estava em andamento.
Na quinta-feira, um helicóptero dos EUA foi derrubado por iraquianos na região. Nenhum americano morreu.
Em Kirkuk, no norte do Iraque, 74 "suspeitos de terem ligações com a [rede terrorista] Al Qaeda" foram presos. Na vizinha Mossul, três iraquianos e um soldado americano foram feridos durante um confronto em um protesto de policiais por maiores salários.
Na mesma região, dois trechos do oleoduto de 965 km que liga os campos de petróleo no norte do país ao porto de Ceyhan (Turquia) explodiram. Autoridades curdas investigam os incidentes, para saber se foi criminoso.
Na quinta-feira, o Iraque fechou a primeira venda de petróleo desde o início da guerra, desovando 10 milhões de barris estocados.

Informações sobre armas
Ainda sem encontrar as supostas armas de destruição em massa, usadas como justificativa para a guerra pela coalizão anglo-americana, as forças dos EUA investigam informações fornecidas por iraquianos sob sua custódia.
Segundo o comandante das tropas no Iraque, tenente-general David McKiernan, as informações sobre as armas são escassas entre os prisioneiros porque poucos iraquianos estariam envolvidos no suposto programa mantido por Saddam.
"Não vou entrar em detalhes, mas há discussão em torno das armas químicas e biológicas que nos levam a informações que teremos de confirmar", disse McKiernan, de Bagdá, em uma conferência telefônica.
O comandante voltou atrás na declaração que fizera nesta semana sobre a existência de uma resistência organizada no país e afirmou que a organização só existe "localmente". Segundo ele, a maior parte dos ataques viria de membros do Baath, o partido de Saddam banido pela Administração Provisória da Coalizão, e da extinta Guarda Republicana, a força de elite do ex-ditador.
Ontem, o jornal árabe "Al Quds - Al Arab", publicado em Londres, disse ter recebido, via fax, uma suposta carta de Saddam na qual ele pede aos estrangeiros que deixem o Iraque "antes de 17 de junho". O jornal afirma que o autor talvez quisesse dizer 17 de julho, data do golpe que levou o Baath ao poder em 1968. A autenticidade da carta não pôde ser comprovada.


Com agências internacionais


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