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África do Sul tem maior greve desde fim do apartheid
Mais de um milhão de funcionários públicos estão parados há duas semanas, exigindo aumento de 10% dos salários
Partido governista enfrenta divisão interna pela escolha de líder no fim do ano; central sindical prefere rival do presidente Mbeki
Rajesh Jantilal/France Presse
![](../images/e1406200701.jpg) |
Cerca de 30 mil funcionários públicos tomam as ruas de Durban |
DA REDAÇÃO
Dezenas de milhares de trabalhadores fizeram passeatas
ontem na África do Sul em
apoio à greve de funcionários
públicos, que já dura duas semanas. É a maior greve no país
desde o fim do apartheid e a
eleição de Nelson Mandela, em
1994. A greve foi convocada pelo Congresso de Sindicatos Sul-Africanos (Cosatu, na sigla em
inglês), que reúne 1,8 milhão de
trabalhadores.
A central sindical sempre foi
aliada do governista Congresso
Nacional Africano (CNA). A
greve é considerada um sinal de
crise interna do partido, que escolhe novo líder no final do ano.
Willie Madisha, presidente
do Cosatu, afirmou que a greve
prova que o povo está "bravo".
"Negociamos há oito meses
sem conseguir nada. Esperamos que, depois desta demonstração de força, o governo mude de idéia", disse.
Cerca de um milhão de funcionários públicos estão parados há duas semanas. Os sindicatos pediam um aumento de
12% dos salários, mas reduziram sua demanda a 10%. A proposta inicial do governo era de
6%, depois de 6,5%, e ontem ela
chegou a 7,25%.
As escolas estão fechadas há
duas semanas. O governo demitiu milhares de enfermeiras
em greve, acusando-as de violar
a proibição constitucional de
greves em serviços públicos de
emergência. A central sindical
exige a recontratação delas.
Uma professora em início de
carreira recebe cerca de US$
700 em média, e uma enfermeira, US$ 500.
Racha governista
Para alguns analistas, a greve
comprova as disputas pelo controle do Congresso Nacional
Africano, que escolherá novo líder no final do ano. Mbeki não
pode concorrer à reeleição em
2009, mas quer continuar a
presidir o partido e escolher
seu sucessor.
A central Cosatu não se pronunciou sobre a disputa interna. Mas, extra-oficialmente, a
central apóia o rival de Mbeki, o
ex-vice-presidente Jacob Zuma, que renunciou por acusações de corrupção em 2005.
Zuma ainda é o político mais
popular do partido.
O governo mandou milhares
de militares e policiais para
manter escolas e hospitais
abertos em uma força-tarefa.
"A polícia responderá a qualquer violência ou intimidação
feitas pelos grevistas", diz um
comunicado do governo.
Mbeki condenou a "mensagem de interesse próprio e
egoísta" dos sindicatos.
Com agências internacionais
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