São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2007

Texto Anterior | Índice

África do Sul tem maior greve desde fim do apartheid

Mais de um milhão de funcionários públicos estão parados há duas semanas, exigindo aumento de 10% dos salários

Partido governista enfrenta divisão interna pela escolha de líder no fim do ano; central sindical prefere rival do presidente Mbeki

Rajesh Jantilal/France Presse
Cerca de 30 mil funcionários públicos tomam as ruas de Durban


DA REDAÇÃO

Dezenas de milhares de trabalhadores fizeram passeatas ontem na África do Sul em apoio à greve de funcionários públicos, que já dura duas semanas. É a maior greve no país desde o fim do apartheid e a eleição de Nelson Mandela, em 1994. A greve foi convocada pelo Congresso de Sindicatos Sul-Africanos (Cosatu, na sigla em inglês), que reúne 1,8 milhão de trabalhadores.
A central sindical sempre foi aliada do governista Congresso Nacional Africano (CNA). A greve é considerada um sinal de crise interna do partido, que escolhe novo líder no final do ano.
Willie Madisha, presidente do Cosatu, afirmou que a greve prova que o povo está "bravo". "Negociamos há oito meses sem conseguir nada. Esperamos que, depois desta demonstração de força, o governo mude de idéia", disse.
Cerca de um milhão de funcionários públicos estão parados há duas semanas. Os sindicatos pediam um aumento de 12% dos salários, mas reduziram sua demanda a 10%. A proposta inicial do governo era de 6%, depois de 6,5%, e ontem ela chegou a 7,25%.
As escolas estão fechadas há duas semanas. O governo demitiu milhares de enfermeiras em greve, acusando-as de violar a proibição constitucional de greves em serviços públicos de emergência. A central sindical exige a recontratação delas. Uma professora em início de carreira recebe cerca de US$ 700 em média, e uma enfermeira, US$ 500.

Racha governista
Para alguns analistas, a greve comprova as disputas pelo controle do Congresso Nacional Africano, que escolherá novo líder no final do ano. Mbeki não pode concorrer à reeleição em 2009, mas quer continuar a presidir o partido e escolher seu sucessor.
A central Cosatu não se pronunciou sobre a disputa interna. Mas, extra-oficialmente, a central apóia o rival de Mbeki, o ex-vice-presidente Jacob Zuma, que renunciou por acusações de corrupção em 2005. Zuma ainda é o político mais popular do partido.
O governo mandou milhares de militares e policiais para manter escolas e hospitais abertos em uma força-tarefa. "A polícia responderá a qualquer violência ou intimidação feitas pelos grevistas", diz um comunicado do governo.
Mbeki condenou a "mensagem de interesse próprio e egoísta" dos sindicatos.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Estados Unidos: Cidade pune uso de roupa que revela nádegas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.