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Leste Europeu vira
"exportador' de criança
de Nova York
Com o fim do comunismo e a
abertura do Leste Europeu, uma
nova onda de adoções, bem mais
polêmicas, teve início nos EUA.
Apenas da Rússia, 3.816 crianças
foram adotadas por norte-americanos no ano passado.
Junto com essas adoções, aumentou também o número de
crianças devolvidas às agências
por incompatibilidade com os
pais. Não existe números sobre essas "rupturas", mas só a agência
Tressler Lutheran Services, na
Pensilvânia, recebeu nos últimos
46 meses 49 telefonemas de pais
que queriam devolver crianças
adotadas do Leste Europeu.
As informações de agências e
pais adotivos são de que os orfanatos na Rússia e na Romênia são
ainda mais pobres que os chineses.
Em entrevista à "The New York
Times Magazine", Nancy Beck,
que adotou duas crianças russas,
conta que Natacha, 5, começou a
se lembrar do orfanato em que vivia. Ela diz que ficava em uma
"gaiola", com outra criança. Uma
enfermeira amarrava uma mamadeira em cada uma e ia embora.
Mas o maior agravante é que a
maioria dessas crianças tem um
histórico de abuso e alcoolismo
por parte dos pais. Além de problemas de saúde como tuberculose, parasitas e hepatite B, têm também um alto índice de sífilis.
Ao chegar nos EUA, a ligação
com os pais é muito mais difícil.
Os dois casos mais famosos são de
Renee Polreis, que foi condenada
no Colorado em 97 por ter batido
em seu filho adotivo de 2 anos até
a morte. Ela diz que o menino estava tão traumatizado com a experiência em um orfanato na Rússia
que batia em si mesmo.
Um outro caso fala de uma menina de 5 anos, também adotada
de um orfanato em Moscou, que
passou três meses ajoelhada ao
chegar nos EUA e, numa noite,
tentou matar os pais e três irmãos.
Susan Freivalds, do Conselho
para Serviços Internacionais de
Crianças, diz que esse tipo de caso
existe, mas é raro. "Muitas crianças têm problemas emocionais,
mas esses extremos só ocorrem
em um ou dois casos, assim como
a devolução de crianças, que são
depois realocadas pelas agências
em outras famílias", disse.
(AB)
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