São Paulo, domingo, 14 de junho de 1998

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Leste Europeu vira "exportador' de criança

de Nova York

Com o fim do comunismo e a abertura do Leste Europeu, uma nova onda de adoções, bem mais polêmicas, teve início nos EUA. Apenas da Rússia, 3.816 crianças foram adotadas por norte-americanos no ano passado.
Junto com essas adoções, aumentou também o número de crianças devolvidas às agências por incompatibilidade com os pais. Não existe números sobre essas "rupturas", mas só a agência Tressler Lutheran Services, na Pensilvânia, recebeu nos últimos 46 meses 49 telefonemas de pais que queriam devolver crianças adotadas do Leste Europeu.
As informações de agências e pais adotivos são de que os orfanatos na Rússia e na Romênia são ainda mais pobres que os chineses.
Em entrevista à "The New York Times Magazine", Nancy Beck, que adotou duas crianças russas, conta que Natacha, 5, começou a se lembrar do orfanato em que vivia. Ela diz que ficava em uma "gaiola", com outra criança. Uma enfermeira amarrava uma mamadeira em cada uma e ia embora.
Mas o maior agravante é que a maioria dessas crianças tem um histórico de abuso e alcoolismo por parte dos pais. Além de problemas de saúde como tuberculose, parasitas e hepatite B, têm também um alto índice de sífilis.
Ao chegar nos EUA, a ligação com os pais é muito mais difícil. Os dois casos mais famosos são de Renee Polreis, que foi condenada no Colorado em 97 por ter batido em seu filho adotivo de 2 anos até a morte. Ela diz que o menino estava tão traumatizado com a experiência em um orfanato na Rússia que batia em si mesmo.
Um outro caso fala de uma menina de 5 anos, também adotada de um orfanato em Moscou, que passou três meses ajoelhada ao chegar nos EUA e, numa noite, tentou matar os pais e três irmãos.
Susan Freivalds, do Conselho para Serviços Internacionais de Crianças, diz que esse tipo de caso existe, mas é raro. "Muitas crianças têm problemas emocionais, mas esses extremos só ocorrem em um ou dois casos, assim como a devolução de crianças, que são depois realocadas pelas agências em outras famílias", disse. (AB)



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