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Ataques israelenses matam 55 e fecham aeroporto do Líbano
Bombardeios atingem bases e rodovias libanesas, isolando o país; Beirute pede cessar-fogo, mas ação está só no começo, diz Israel
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE TZFAT (ISRAEL)
Israel bombardeou o Aeroporto Internacional de Beirute
e impôs um bloqueio aéreo e
marítimo sobre o Líbano, intensificando a ofensiva contra
o país que considera responsável pelo seqüestro de dois soldados e pela morte de outros
oito em um ataque do grupo
terrorista Hizbollah, anteontem. Pelo menos 55 civis já
morreram nos bombardeiros
israelenses, incluindo uma família brasileira (leia na próxima página).
O governo libanês pediu ao
Conselho de Segurança da
ONU um cessar-fogo e o fim
"da agressão israelense", mas o
comando militar de Israel afirmou que a operação está só "no
começo". Beirute também afirmou estar preparando uma
proposta que envolve a libertação dos israelenses. "A ONU
deve tomar uma decisão abrangente e imediata por um cessar-fogo e para levantar o bloqueio", disse o ministro da Informação libanês, Ghazi Aridi.
O Hizbollah lançou mais de
cem morteiros do tipo katyusha contra o norte israelense,
que provocaram a morte de
duas pessoas, 92 feridos e a fuga
de milhares de pessoas, segundo Israel. Foi o mais grave ataque contra o país em dez anos.
Pela primeira vez a cidade de
Haifa, a terceira maior do país,
com 260 mil habitantes, foi
atingida. O Hizbollah negou
que tenha atacado Haifa.
Caças israelenses atingiram
as pistas do aeroporto internacional de Beirute e tanques de
combustível, provocando incêndios. Também foram destruídas pistas de bases aéreas
do país. O aeroporto foi fechado e os vôo tiveram de ser desviados para o Chipre.
Navios de guerra bloquearam as águas territoriais libanesas e os militares de Israel
anunciaram que vão disparar
contra qualquer pessoa armada
que se aproximar "a 1 km da
fronteira".
Também foram bombardeadas por helicópteros bases militares e três instalações da rede
de televisão do Hizbollah, a Al
Manar, em Beirute e nos arredores da capital. Um dos ataques israelenses atingiu a estrada principal entre Beirute e
Damasco, mas ela não foi fechada ao tráfego.
O chefe do comando Norte
do Exército de Israel, Udi
Adam, repetiu ontem que a
operação não tem prazo definido. Ele não descartou uma invasão por terra em grande escala, nem o assassinato seletivo
de líderes do Hizbollah. "Estamos preparados para todas as
opções e seguiremos as decisões do governo. As primeiras
24 horas foram apenas o começo", disse.
O comandante estima que os
dois soldados seqüestrados -
Ehud Goldwasser, 31, e Eldad
Regev, 26- estejam vivos. A rede de TV Al Jazira informou
que eles estavam vivos no momento da captura e que foram
levados para uma mesquita.
Fontes israelenses disseram à
mídia local que o Hizbollah
pretendia transferir os reféns
para o Irã.
O líder do Hizbolllah, Hassan
Nasrallah, disse que só vai libertar os soldados em troca de
prisioneiros que estão em cadeias de Israel, por meio de negociações indiretas.
Todo o norte de Israel, num
raio de 20 quilômetros a partir
da fronteira com o Líbano, está
em estado de guerra. Mais de
700 mil civis foram orientados
a entrar em abrigos. Milhares
de moradores e turistas - que
lotavam os hotéis no verão local - fugiram para o sul. Fábricas e lojas estão fechadas.
Em Nahariya, uma mulher
de origem argentina morreu
quando seu apartamento foi
atingido diretamente por uma
katiusha. Uma outra pessoa foi
morta em Tzfat. Mais de 20
pessoas sofreram ferimentos e
os hospitais receberam cerca
de 100 em diferentes níveis de
estado de choque.
No ataque de maior alcance,
um morteiro atingiu um bairro
central de Haifa, símbolo de
convivência entre judeus e árabes em Israel, sem deixar feridos. O grupo islâmico vinha
ameaçando alvejar a cidade se
Israel atacasse Beirute, mas negou ter disparado ontem. Em
Haifa está uma das duas refinarias de petróleo de Israel, indústrias petroquímicas e de
tecnologia. Israel considerou o
ataque uma "grave escalada".
No fim da noite de ontem o
primeiro-ministro de Israel,
Ehud Olmert, aprovou a intensificação dos ataques ao Líbano. "Todas as opções estão
abertas", disse o capitão Jacob
Dallal, porta-voz do Exército.
"Estrategicamente, um ataque
à terceira cidade de Israel é algo grave que precisa ser respondido."
Com agências internacionais
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