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São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2003

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GUERRA SEM LIMITES

Prisão de britânico suspeito de tentar vender a terroristas arma que derruba avião gera preocupação no país

Míssil traz medo de volta à aviação dos EUA

John O'Boyle/"Newark Star"/Associated Press
Hekmat Lakhani, preso sob suspeita de tentar vender um míssil a terroristas, é levado pelo FBI


ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Se foi um sucesso do ponto de vista do serviço de inteligência, a operação que prendeu um britânico suspeito de tentar vender um míssil terra-ar a terroristas, anteontem nos EUA, trouxe de volta à aviação americana o medo do terrorismo.
A notícia provocou declarações de preocupação no Senado e nas companhias. Pela manhã, derrubou ações do setor aéreo -coincidência ou não, elas se recuperaram após o presidente dos EUA, George W. Bush, reafirmar sua posição em relação à segurança.
"Nossos aeroportos estão mais seguros hoje do que antes do 11 de Setembro. Os EUA são um lugar seguro para as pessoas voarem. Ter capturado esse sujeito é um bom exemplo do que estamos fazendo para proteger os americanos", afirmou Bush.
Dois senadores da oposição democrata, porém, aproveitaram o episódio para pressionar pela aprovação de um projeto que equiparia os aviões comerciais com laser e outros instrumentos para defendê-los de mísseis.
"Se deixarmos de dar atenção a esse aviso, os únicos culpados seremos nós. Seremos culpados por não nos movermos rápido o suficiente para proteger os americanos dessa ameaça", disse em nota Barbara Boxer, da Califórnia, que co-patrocina o projeto.
Boxer foi acompanhada em seu apelo por Charles Schumer, de Nova York, que escreveu ontem a Bush: "Eu imploro ao sr. que se envolva imediatamente no esforço para reduzir a vulnerabilidade de nossas companhias aéreas".
Opositores da idéia argumentam que ela encareceria muito os custos das empresas do setor, já bastante debilitadas financeiramente pela queda no movimento. Os gastos poderiam ir a US$ 100 bilhões, e os equipamentos só estariam funcionais em dois anos.
Estudo da Icao, o braço da ONU para o setor aéreo, indica que o movimento de passageiros na América do Norte neste ano terá crescimento zero -e a recuperação pós-atentados já está adiada, na melhor hipótese, para 2004.
Ontem, a associação das empresas aéreas dos EUA mostrou-se temerosa com a prisão. "Não podemos ajudar além de manter um alto grau de preocupação", disse seu presidente, James May.

Acusado
O novo motivo de preocupação chama-se Hemant Lakhani, um britânico de 68 anos. Ele foi formalmente acusado ontem num tribunal federal após ter sido preso pelo FBI ao tentar vender um míssil que pode ser usado para abater um avião.
Lakhani estava em um hotel próximo a um aeroporto de Newark, em Nova Jersey. Será mantido preso sem direito a fiança. Além dele, outros dois homens foram detidos por terem supostamente participado da operação.
Segundo a Promotoria, Lakhani tinha acertado a venda, para um agente disfarçado da inteligência americana, de 50 mísseis. Ele vinha sendo investigado desde 2001 -Moscou definiu a operação como um marco na cooperação pós-Guerra Fria entre a Rússia, os EUA e o Reino Unido.
A prisão do britânico acontece na semana seguinte à divulgação de uma operação de Washington para enviar agentes seus a aeroportos estrangeiros para verificar se eles estão preparados para evitar ataques com mísseis.
Enquanto os EUA vasculham os aeroportos de outros países, um episódio pitoresco, ocorrido no domingo no principal aeroporto de Nova York, mostra a fragilidade da segurança no próprio país.
Um homem de 21 anos e dois garotos de 13 perderam-se enquanto pescavam perto do aeroporto. Sem saber ao certo onde estavam, os três andaram ao redor da pista do aeroporto JFK -que é de acesso proibido- e só foram notados porque foram até um posto policial pedir ajuda.


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