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São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2003

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Fácil de usar, arma é ameaça grave à aviação

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mísseis antiaéreos portáteis e disparados do ombro como os da série Igla ("agulha", em russo), ou o americano Stinger, são uma ameaça gravíssima para a aviação civil. São fáceis de usar, são capazes de derrubar um avião a 5 km de distância e são relativamente baratos -com preços, no mercado negro de armas, de centenas (no caso dos modelos mais antigos) ou milhares de dólares.
Foram projetados para derrubar caças voando a grandes velocidades em altitudes baixas. Aviões comerciais estão seguros na maior parte da rota, voando acima de 10 km de altitude. Mas são muito vulneráveis no pouso e na decolagem. Um terrorista só precisa encontrar uma boa posição de disparo fora do aeroporto, a até 5 km de distância do alvo.
Um míssil de geração anterior, o russo Strela (conhecido como SA-7 Grail pela Otan), já foi usado contra um avião americano no Quênia, sem sucesso. Há indícios de que guerrilheiros tchetchenos tenham usado o Igla para derrubar aeronaves russas, principalmente helicópteros.
Como o míssil carrega uma ogiva explosiva relativamente pequena, um avião de vários motores pode sobreviver a um ataque se apenas um motor for destruído -e se o piloto tiver tempo e habilidade para um pouso de emergência.
Os modelos conhecidos como Igla-1 9K310 (SA-16 Gimlet) e Igla 9K38 (SA-18 Grouse) são bem mais perigosos graças a sistemas de guiagem aperfeiçoados. Foram exportados para muitos países, incluindo o Brasil. O Exército e a Força Aérea brasileiros têm o Igla.
Esses mísseis são guiados pelo calor do alvo, através da radiação na faixa do infravermelho.
As primeiras gerações de mísseis guiados por infravermelho praticamente só "enxergavam" o calor dos motores, e por isso o ideal era dispará-lo por trás do avião.
O Igla e o Igla-1 podem acertar um alvo vindo de qualquer direção, seguindo pelo calor do corpo do avião e não só do motor. O modelo Igla-1 (SA-16) tem sensores de radiação aperfeiçoados que permitem despistar as contramedidas usadas por aviões de combate -o uso de artefatos pirotécnicos que produzem calor na tentativa de desviá-lo do alvo.
A grande ironia é que os fabricantes do Igla e do Stinger, Rússia e EUA, não têm inimigos dotados de aviação cujo poder justifique seu uso por tropas em combate (como foi o caso no Iraque, e é o caso na Tchetchênia). Mas, na mão de guerrilheiros e terroristas, são armas letais.


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