|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fácil de usar, arma é ameaça grave à aviação
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mísseis antiaéreos portáteis e
disparados do ombro como os da
série Igla ("agulha", em russo), ou
o americano Stinger, são uma
ameaça gravíssima para a aviação
civil. São fáceis de usar, são capazes de derrubar um avião a 5 km
de distância e são relativamente
baratos -com preços, no mercado negro de armas, de centenas
(no caso dos modelos mais antigos) ou milhares de dólares.
Foram projetados para derrubar caças voando a grandes velocidades em altitudes baixas.
Aviões comerciais estão seguros
na maior parte da rota, voando
acima de 10 km de altitude. Mas
são muito vulneráveis no pouso e
na decolagem. Um terrorista só
precisa encontrar uma boa posição de disparo fora do aeroporto,
a até 5 km de distância do alvo.
Um míssil de geração anterior, o
russo Strela (conhecido como SA-7 Grail pela Otan), já foi usado
contra um avião americano no
Quênia, sem sucesso. Há indícios
de que guerrilheiros tchetchenos
tenham usado o Igla para derrubar aeronaves russas, principalmente helicópteros.
Como o míssil carrega uma ogiva explosiva relativamente pequena, um avião de vários motores
pode sobreviver a um ataque se
apenas um motor for destruído
-e se o piloto tiver tempo e habilidade para um pouso de emergência.
Os modelos conhecidos como
Igla-1 9K310 (SA-16 Gimlet) e Igla
9K38 (SA-18 Grouse) são bem
mais perigosos graças a sistemas
de guiagem aperfeiçoados. Foram
exportados para muitos países,
incluindo o Brasil. O Exército e a
Força Aérea brasileiros têm o Igla.
Esses mísseis são guiados pelo
calor do alvo, através da radiação
na faixa do infravermelho.
As primeiras gerações de mísseis guiados por infravermelho
praticamente só "enxergavam" o
calor dos motores, e por isso o
ideal era dispará-lo por trás do
avião.
O Igla e o Igla-1 podem acertar
um alvo vindo de qualquer direção, seguindo pelo calor do corpo
do avião e não só do motor. O
modelo Igla-1 (SA-16) tem sensores de radiação aperfeiçoados que
permitem despistar as contramedidas usadas por aviões de combate -o uso de artefatos pirotécnicos que produzem calor na tentativa de desviá-lo do alvo.
A grande ironia é que os fabricantes do Igla e do Stinger, Rússia
e EUA, não têm inimigos dotados
de aviação cujo poder justifique
seu uso por tropas em combate
(como foi o caso no Iraque, e é o
caso na Tchetchênia). Mas, na
mão de guerrilheiros e terroristas,
são armas letais.
Texto Anterior: British Airways cancela vôos à Arábia Saudita Próximo Texto: Clima: Mortes por calor chegam a 60 na Itália; temperatura cai em Paris Índice
|