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IRAQUE SOB TUTELA
Al Sadr está refugiado em templo xiita
Governo interino discute trégua com clérigo radical, que exige renúncia
DA REDAÇÃO
O governo interino iraquiano
anunciou negociações com o clérigo radical xiita Moqtada al Sadr,
cuja milícia, o Exército Mehdi,
vem travando intensos combates
há nove dias com as forças americanas na região de Najaf, sul do
país. Diante da tentativa de acordo, ontem, as tensões arrefeceram, e os americanos deixaram o
centro antigo da cidade sagrada
xiita, mantendo-se nas cercanias.
Bagdá exige que a milícia saia de
Najaf e Al Sadr deixe o templo do
imã Ali, o principal santuário xiita, onde o clérigo se refugiou. Os
EUA temem atingir o templo e
provocar um levante nacional no
país, majoritariamente xiita.
Para atender à demanda, no entanto, Al Sadr apresentou exigências como a renúncia do governo
interino, a retirada das forças
americanas da cidade e anistia para sua milícia poder participar do
processo político.
Amanhã começa a Conferência
Nacional, que deve reunir mil representantes da sociedade iraquiana para eleger os integrantes
da Assembléia interina -incumbida da nova Constituição.
O governo interino prometeu
que Al Sadr "não será tocado" se
deixar o santuário pacificamente.
Ahmad al Shinabi, porta-voz do
clérigo, disse que ele foi ferido levemente no peito, no braço e na
perna durante um ataque americano na madrugada. Bagdá nega.
Desde que Al Sadr liderou um
levante contra as forças americanas, em abril, os EUA ameaçam
detê-lo "vivo ou morto" com base
em uma ordem de prisão por envolvimento na morte de um clérigo rival no ano passado.
Violência disseminada
O atual combate pôs fim a uma
trégua de dois meses e deixou, segundo os EUA, ao menos 360 rebeldes mortos -não há ainda dados sobre civis. Também gerou
uma série de protestos de autoridades religiosas no país e no exterior, agravada após as forças americanas invadirem, anteontem, o
centro da cidade.
Em Hilla (sul), cerca de 250 seguidores de Al Sadr cercaram 20
poloneses da Força Multinacional
comandada pelos EUA em uma
delegacia. A Polônia, que mantém
2.400 soldados no país, deixou
nesta semana o comando militar
da Província de Najaf.
Na mesma região, em Kut, ao
menos sete iraquianos morreram
em embates entre a milícia xiita e
as forças dos EUA -72 haviam
morrido na véspera. Em Basra,
insurgentes seqüestraram o jornalista britânico James Brandon,
libertando-o após horas.
Os EUA, por sua vez, bombardearam alvos em Fallujah (oeste)
pelo segundo dia. Segundo hospitais locais, seis pessoas morreram,
inclusive duas crianças. O comando americano não comentou.
Apesar da violência, desembarcou em Bagdá o novo representante da ONU no país, Ashraf Qazi. O diplomata paquistanês substitui o brasileiro Sérgio Vieira de
Mello, morto em agosto de 2003
em um atentado contra a sede da
entidade no Iraque.
Com agências internacionais
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