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Santos põe freio a diálogo de paz com Farc
Um dia após atentado do qual guerrilha é suspeita, presidente desautoriza "gestões paralelas" visando acordo
Colombiano diz que porta do diálogo não está trancada a chave, mas afirma que não é momento de abri-la
Jaime Saldarriaga/Reuters
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O presidente colombiano, Juan Manuel (no centro), acompanhado do ministro da Defesa, Rodrigo Rivera, e de chefes militares em Popayán
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
O presidente colombiano,
Juan Manuel Santos, desautorizou ontem gestões internas ou externas para buscar
diálogo com as Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da
Colômbia). Disse que essa é
uma prerrogativa exclusiva
de seu governo.
"Está absolutamente desautorizada toda gestão paralela", disse Santos. "Muitos quiseram insinuar que
podem fazer uma gestão aqui
ou fora. Obrigado, mas não.
Nem no exterior nem aqui na
Colômbia", continuou.
Anteontem, a senadora colombiana de oposição Piedad Córdoba, que negociou a
liberação de reféns pelas
Farc nos últimos três anos, se
reuniu com o ex-ditador Fidel Castro, em Cuba, para
discutir um "roteiro de paz"
para a Colômbia.
Um dia depois do atentado
com carro-bomba que atingiu o centro financeiro de Bogotá, Santos fez também referência a seu discurso de
posse, há uma semana,
quando disse que "a porta do
diálogo" com os grupos ilegais não estava "fechada
com chave".
"O governo, quando considerar que as circunstancias
estão dadas -e não estão dadas- abrirá a porta [para o
diálogo]", afirmou, em discurso ante militares em Popayán, a 600 km de Bogotá.
Santos voltou a explicitar
suas condições para o diálogo: que a guerrilha libere os
reféns em seu poder, que renuncie a atos terroristas e aos
vínculos com o narcotráfico.
CHÁVEZ E RECOMPENSA
Nas últimas semanas, o
governo Hugo Chávez promoveu na região um plano
de paz para a Colômbia. Na
terça, porém, Chávez selou
trégua com o governo Santos
e assinou termo no qual os
dois países se comprometem
a não "ingerir" em seus respectivos assuntos internos .
Ao lado de Santos, o venezuelano se limitou a dizer,
que, "se fosse o chefe da
guerrilha", buscaria a paz,
emendando que esse é um tema colombiano.
Ontem, Juan Manuel Santos ofereceu US$ 273 mil em
recompensa em troca de informações sobre o atentado
que atingiu as instalações da
cadeia de rádio Caracol, a
maior do país.
O ataque provocou ferimentos leves em 18 pessoas e
danos em 424 casas, 124 pontos comerciais e 18 carros.
As Forças Armadas e o Ministério Público disseram ontem que não se podem descartar, ainda, hipóteses sobre os autores da explosão.
Segundo o jornal "El Espectador", o DAS, a agência
de inteligência colombiana,
afirma ter interceptado a ordem de um chefe das Farc para atentar contra um meio de
comunicação.
Os principais veículos da
mídia colombiana mencionam três hipóteses de autoria
do atentado: as Farc, traficantes ou a extrema-direita.
No primeiro caso, as Farc
buscariam uma ação de impacto para iniciarem fortalecidas uma eventual negociação com Santos.
O líder máximo da guerrilha, Alfonso Cano, propôs,
em vídeo, diálogo com o governo. Há analistas, porém,
que questionam a influência
de Cano sobre os cerca de
8.000 combatentes das Farc,
especialmente sobre a frente
que atua no leste do país.
Já a extrema-direita estaria
incomodada com os acenos
de diálogo de Santos tanto à
guerrilha como à Justiça, que
investiga escândalos do governo de seu antecessor, Álvaro Uribe.
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