São Paulo, sábado, 14 de outubro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRECAUÇÃO
Incidente no Iêmen, que matou ao menos 7, leva país a temer por suas representações no Oriente Médio, na África e na Ásia
EUA fecham 22 embaixadas após explosão em navio

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os EUA fecharam ontem 22 de suas embaixadas na África, no Oriente Médio e no sul da Ásia. A medida foi tomada pelo temor dos EUA em relação à segurança de suas representações diplomáticas após a explosão de anteontem do destróier USS Cole no Iêmen e dos contínuos enfrentamentos entre palestinos e israelenses.
As missões norte-americanas em 13 países árabes, em oito africanos e no Paquistão deverão ficar fechadas até segunda.
Uma outra explosão atingiu ontem a Embaixada do Reino Unido na capital do Iêmen, Sanaa (leia texto nesta página). O ministro britânico das Relações Exteriores, Robin Cook, afirmou que uma bomba foi jogada na embaixada, mas oficiais iemenitas alegam que a explosão -que não deixou feridos- foi causada por uma pane do sistema elétrico.
O comandante Daren Pilkie, porta-voz da Quinta Esquadra dos EUA, sediada em Bahrein, disse que o número de vítimas da explosão do destróier no Iêmen chegou a sete, que dez outras pessoas -possivelmente mortas- continuavam desaparecidas e que 33 estavam hospitalizadas.
Pilkie também disse que 11 marinheiros foram levados para um hospital militar francês em Djibuti e que os outros 22 aguardavam ser transportados para um hospital na Alemanha.
"A busca pelos desaparecidos continua", disse Pelkie. "O buraco de 9 m por 12 m do casco (causado pela explosão) está causando inundações no navio. Estamos conseguindo conter a água."
O secretário de Defesa dos EUA, William Cohen, afirmou -citando testemunhas- que a explosão ocorreu em um pequeno barco que auxiliava o USS Cole a atracar no porto de Áden. Segundo a hipótese levantada pelo governo norte-americano, dois suicidas que conduziam a pequena embarcação teriam levado explosivos ao lado do casco do USS Cole.
"Encontraremos os responsáveis e os faremos responder por isso", declarou anteontem o presidente dos EUA, Bill Clinton. "Se a intenção de quem cometeu isso foi tentar deter nossa intenção de promover a paz no Oriente Médio, eles definitivamente falharam."
O presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, prometeu ontem à embaixadora dos EUA no país, Barbara Bodine, o apoio das autoridades iemenitas no caso.
Mais investigadores e médicos norte-americanos deveriam chegar ao país ontem e hoje. O governo do Iêmen aguarda a chegada de 120 especialistas dos EUA.
A TV iemenita informou que Saleh havia telefonado para a secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, e dito que a explosão não havia resultado de um ato terrorista. Mas disse também que o governo do Iêmen não pouparia esforços para solucionar o caso.
Barcos do Iêmen realizaram ontem diversas buscas no local do acidente, enquanto equipes norte-americanas vasculharam o USS Cole em busca de sobreviventes.

Autoria da explosão
Oficiais dos Estados Unidos declararam não saber quem cometeu o possível atentado e que não possuem ainda nenhuma informação específica sobre o caso. "Não sabemos quem foi responsável por isso", disse um oficial.
Dois pequenos grupos assumiram a autoria da explosão. A televisão do Qatar informou que um grupo chamado Jaysh Mohammad (o Exército de Mohammad), sediado no Paquistão, teria sido o autor das explosões do USS Cole e da embaixada britânica.
As Forças de Contenção do Islã -pequeno grupo de Beirute- também assumiram a autoria dos atentados no Iêmen.
As autoridades norte-americanas não responderam aos grupos e disseram esperar que vários outras pequenas organizações assumam a autoria do atentado.
John Warner, senador republicano que preside a comissão de Defesa no Congresso norte-americano, disse que um grupo terrorista conhecido poderia estar por trás da explosão, mas não o identificou. Disse apenas que o Pentágono estava "analisando a veracidade da acusação".
Segundo Warner, o grupo poderia estar ligado ao milionário extremista islâmico de origem saudita Osama bin Laden, acusado pelos EUA de ser o mandante dos atentados às embaixadas do país no Quênia e na Tanzânia em 1998, que deixaram 224 mortos.



Texto Anterior: Na França, 5 sinagogas são atacadas
Próximo Texto: Prédio britânico explode no Iêmen
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.