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São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Esquerda israelense e palestinos negociaram por dois anos e meio; Israel critica proposta

Moderados propõem plano de paz simbólico

DA REDAÇÃO

A esquerda israelense e palestinos moderados finalizaram um simbólico acordo de paz que prevê a criação de um Estado palestino. O governo de Israel criticou o texto do plano. Já membros da ANP (Autoridade Nacional Palestina) endossaram a proposta.
O plano, negociado ao longo de dois anos e meio com apoio financeiro da Suíça, prevê uma solução para todos os pontos complexos das negociações de paz que envolvem Israel e os palestinos.
Os israelenses se retirariam de 98% da Cisjordânia e de toda a faixa de Gaza. Para compensar os 2% que continuariam com Israel, uma parte do deserto de Negev seria cedida aos palestinos. Dos mais de cem assentamentos na Cisjordânia, apenas 20 ficariam do lado israelense. Os demais e todos os da faixa de Gaza seriam desmantelados.
Jerusalém seria dividida pela fronteira estabelecida internacionalmente. Áreas de maioria judaica permaneceriam com Israel. E as majoritariamente árabes integrariam o novo Estado palestino. Apenas a área de Har Homa, de maioria judaica mas no lado árabe (oriental) da cidade, seria esvaziada por Israel.
A parte antiga de Jerusalém também seria dividida. A porção judaica continuaria com Israel e as demais seriam parte do Estado palestino. O muro das Lamentações, local mais sagrado para os judeus, continuaria israelense. A mesquita de Al Aqsa passaria para o Estado palestino.
Os refugiados palestinos não teriam o direito de retornar para o Estado de Israel. Eles teriam três opções: poderiam viver no Estado palestino; permanecer nos países onde residem, recebendo uma compensação; ou tentar ir para Israel, mas, nesse caso, precisariam de autorização do governo.
A questão dos refugiados seria a principal concessão dos palestinos para os israelenses.
A equipe de negociação israelense foi liderada por Yossi Beilin, um membro da ala esquerda do Partido Trabalhista que participou dos acordos de Oslo nos anos 90. A delegação palestina que participou das negociações simbólicas de paz tinha como um dos principais nomes Iasser Abed Raboo, tradicional aliado do presidente da ANP, Iasser Arafat.
Autoridades israelenses disseram que o plano fere os interesses nacionais israelenses e chega até mesmo a arriscar a segurança do país. "Tudo é virtual", disse o chanceler de Israel, Silvan Shalom. "Não podia esperar outra coisa dos que negociaram o acordo de Oslo, cujos resultados pagamos o preço até hoje."
"É inacreditável que esse bando de irresponsáveis assine um acordo que prevê a entrega de lugares sagrados em troca de algo [a renúncia ao direito de retorno] que talvez eles [palestinos] não cumpram", disse o vice-premiê Ehud Olmert.
Raboo afirmou que a ANP endossa o plano e que Arafat acompanhou todo o processo de negociação. O texto final será assinado no dia 4 de novembro.


Com agências internacionais

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