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ANÁLISE
Tese da reunificação perde terreno na ilha
do enviado especial
China e Taiwan retomam uma
reaproximação iniciada nos
anos 80, quando a Guerra Fria
desaparecia, e interrompida em
95, com a viagem do presidente
Lee Teng-hui aos EUA.
Entre os fatores responsáveis
pela retomada das negociações
estão a consolidação do poder
de Jiang Zemin no universo político chinês e sua disposição para acelerar uma eventual reunificação, a pressão norte-americana e a necessidade do Kuomintang de correr contra o relógio da história.
Jiang Zemin chegou ao poder
em 89, levado por seu padrinho
político, Deng Xiaoping. No começo, foi tratado como uma figura transitória, destinada a esmaecer com a morte do líder
chinês. Deng morreu em 97, e
Jiang conseguiu, contrariando
as previsões iniciais, consolidar
seu poder. Levou aliados à cúpula do Partido Comunista e à direção das Forças Armadas.
Jiang planeja garantir um lugar de destaque na história chinesa ao despontar como o responsável pela "reunificação da
pátria". Pretende deixar um legado comparável ao de Deng,
que iniciou a abertura econômica em 78 e comandou a reincorporação de Hong Kong.
O presidente chinês também
tem pressa, pois teme as próximas eleições presidenciais em
Taiwan, marcadas para o ano
2000. A força política que mais
cresce na "ilha rebelde" é o Partido Democrático Progressista
(DPP), que nasceu como defensor da independência, ou seja,
do rompimento de qualquer
compromisso com Pequim.
Em 1997, em eleições municipais e distritais, o DPP teve 43%
dos votos, contra 42% do Kuomintang, na primeira derrota
eleitoral dos nacionalistas desde
1949. Jiang Zemin alimenta o receio de um triunfo do DPP na
disputa presidencial de 2000.
Prefere então acelerar a reunificação e, para isso, se dispõe a negociar com Lee Teng-hui, a
quem havia chamado de "traidor" e "mentiroso".
O Kuomintang busca manter o
compromisso histórico da reunificação, mas tenta ganhar tempo, à espera de mudanças políticas na China comunista. Os nacionalistas acreditam ser inevitável, num futuro próximo, o
enfraquecimento do PC chinês,
devido à abertura econômica.
Mas, enquanto aguarda a derrocada do regime de Pequim, o
Kuomintang também testemunha crescente distanciamento
das gerações mais jovens de Taiwan em relação à reunificação.
Pesquisa realizada pelo governo de Taiwan indicou que apenas 7,4% dos entrevistados desejam "independência já". Essa
fatia da população corresponde
principalmente às gerações mais
jovens, que crescem num universo cultural mais marcado pela influência norte-americana
do que pelos laços históricos
com a China continental.
Portanto, o Kuomintang enfrenta o seguinte desafio: a espera de uma queda do PC chinês
pode coincidir com o amadurecimento em Taiwan de uma onda pró-independência. Seria então preferível acelerar a reunificação a fim de evitar o risco da
ruptura histórica com a China.
Lee Teng-hui caminha com
cautela. Não pode recusar a oferta de diálogo de Pequim, pois estaria contrariando os objetivos
históricos de seu partido. Tentará conciliar a estratégia de "ganhar tempo" com a necessidade
de negociar com os ex-inimigos.
O Kuomintang e o Partido Comunista também enfrentam
pressão dos EUA para a retomada do diálogo. A Casa Branca
tem de manter compromissos
assumidos com Taiwan, como
sair em defesa da ilha no caso de
um ataque de Pequim.
A prioridade de Bill Clinton,
no entanto, é garantir lugar para
empresas dos EUA no crescente
mercado chinês. Para isso, Washington precisa cortejar os comunistas de Pequim.
(JS)
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