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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Em meio à onda de violência, Japão desiste de enviar soldados e Coréia do Sul fala em contingente reduzido

Aliados dos EUA revêem ajuda militar

DA REDAÇÃO

O Japão desistiu de enviar soldados para colaborar com a reconstrução do Iraque, e a Coréia do Sul reduziu a oferta de tropas para a coalizão anglo-americana diante do cenário de violência no país. Ontem, subiu para 31 o saldo de mortos no atentado a bomba contra uma base italiana em Nassiriah (sul) na véspera.
Aos poucos, os ataques e atentados vão produzindo resultados e dificultando a operação americana no Iraque, levando países e organismos internacionais a rever suas missões. Enquanto a ONU e a Cruz Vermelha retiraram seus funcionários estrangeiros após serem alvo de ataques, a Espanha reduziu o corpo diplomático.
Tóquio havia prometido destacar até 850 soldados -150 seriam enviados já em dezembro, e os demais, em janeiro. Mas o chefe-de-gabinete, Yasuo Fukuda, afirmou que o país ainda não é seguro o suficiente para os soldados japoneses.
"Poderíamos enviar soldados se as circunstâncias permitissem", disse ele em uma entrevista coletiva. "Não é o caso no momento."
Pouco depois, o premiê Junichiro Koizumi -que deve receber hoje o secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld- afirmou que a situação no Iraque requer "monitoramento" e não descartou o envio futuro de tropas.
Atendendo a um apelo americano, o Parlamento japonês aprovara em julho o envio de tropas de manutenção da paz para áreas em que não há combates.
Após o anúncio, a assessora da Casa Branca para Segurança Nacional, Condoleezza Rice, disse em Washington que os EUA "compreendem a decisão" de Tóquio. "Estamos muito satisfeitos com o que o Japão tem feito e achamos que cabe ao país decidir quando fazer o que está previsto."
Após encontro do presidente Roh Moo-hyun com Rumsfeld, a Coréia do Sul anunciou que enviará 3.000 soldados -e não 10 mil, como Washington pedira- ao Iraque. O país, que já tem 650 engenheiros e médicos no Iraque, não disse a data do destacamento.
Portugal, que já tem 120 homens no país, alterou a rota de 128 soldados despachados para o Iraque na noite de quarta-feira. Eles ficariam em Nassiriah, onde ocorreu o atentado contra a base italiana, e foram remanejados para Basra, a principal cidade do sul.

Mais mortos, mais ataques
Com a morte de mais cinco iraquianos, chegou a 31 o saldo de mortos no atentado -18 italianos e 13 iraquianos. Alguns dos cerca de 80 feridos estão em estado grave, o que significa que o número pode continuar subindo.
O comando americano anunciou a morte de mais um soldado na explosão de uma bomba em uma estrada em Bagdá, o 156º em ações hostis no pós-guerra.
Na tentativa de solapar a resistência, os EUA lançaram a operação "Martelo de Ferro". Uma fábrica abandonada na periferia sul de Bagdá foi bombardeada e parcialmente destruída por aviões AC-130. Antes do ataque, soldados com megafones orientaram a população a deixar a região, que já fora atacada por helicópteros na véspera, quando dois iraquianos foram mortos.
O saldo de mortos ainda era ignorado na noite de ontem. Segundo as forças dos EUA, a fábrica era usada pela resistência para reuniões de planejamento, festas e como depósito de munição.
Na região oeste da capital, um grupo de iraquianos que havia lançado morteiros contra soldados americanos foi atacado por um helicóptero Apache. Dois suspeitos foram mortos. Em Tikrit, cidade no noroeste do país onde o ex-ditador Saddam Hussein foi criado, e na vizinha Mossul, cerca de 20 suspeitos de ataques contra os EUA foram detidos.
O general John Abizaid, chefe do Comando Central Americano, afirmou que o número de insurgentes no Iraque "não ultrapassa 5.000" e que o maior perigo estaria nos simpatizantes do regime deposto. "Quero enfatizar que não há ameaça militar no Iraque que nos tire daqui", disse Abizaid.
Um relatório da CIA (serviço secreto dos EUA) que vazou para a imprensa nesta semana, entretanto, alerta que pode haver um crescente número de iraquianos comuns ingressando nas fileiras da resistência à presença americana.


Com agências internacionais

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