|
Próximo Texto | Índice
EUA e Israel têm divergências, diz jornal
Segundo "New York Times", Bush põe em dúvida a habilidade de Olmert, que teme pressão americana por concessões
Presidente americano e o
premiê de Israel se reuniram
na Casa Branca; declarações
sobre projeto nuclear do Irã
dão aparência de acordo
DA REDAÇÃO
O presidente dos Estados
Unidos, George W. Bush, e o
primeiro-ministro de Israel,
Ehud Olmert, encontraram-se
ontem na Casa Branca dentro
de um clima em que as aparentes convergências -sobretudo
quanto à necessidade de impedir que o Irã obtenha uma bomba atômica- acobertam desconfianças mútuas.
As declarações dos dois governantes estão à primeira vista sincronizadas. Em entrevista
à rede de TV NBC, Olmert disse
pela manhã que a ameaça representada pelo Irã "constitui
um assunto de fundo moral para o mundo inteiro", e não apenas ao seu país, que Teerã
ameaça "varrer do mapa".
Horas depois, Bush alertou
que o Irã corre o risco de permanecer "economicamente
isolado" se prosseguir no enriquecimento de urânio. Voltou a
qualificá-lo de "uma ameaça à
paz mundial" e disse que só
abriria um diálogo bilateral caso o país interrompesse a produção de combustível nuclear.
Olmert negou que tivesse
com relação a Teerã a intenção
de "preparar uma guerra".
"Não estou procurando o confronto. Estou procurando uma
saída", afirmou. Disse que compreenderia se Washington
abrisse diálogo com os iranianos, com o objetivo, compartilhado por Israel, de impedir
que o Irã obtenha a bomba. Há
uma pressão crescente, dentro
e fora dos EUA, para que a Casa
Branca inicie negociações diretas com o Irã.
"Todo compromisso que impedisse o Irã de chegar à capacitação nuclear seria aceitável
para o presidente Bush e também para mim", disse Olmert.
O "Le Monde" afirma que o
governo israelense não teme
uma reviravolta de sua aliança
com Washington só em razão
das eleições da semana passada, que levaram a oposição democrata a obter a maioria nas
duas Casas do Congresso. Os
democratas são tão pró-israelenses quanto os republicanos.
Mas o jornal francês e o "New
York Times" relatam a existência de temores mútuos. O Estado de Israel acredita que os
EUA o pressionarão a fazer
concessões aos palestinos, como forma de obter o apoio dos
países árabes para a formação
de um bloco regional contra o
projeto nuclear iraniano.
Os israelenses também atribuem à obsessão americana de
favorecer a democracia no
Oriente Médio o fortalecimento de grupos islâmicos radicais,
como os palestinos do Hamas.
Jerusalém acredita que seus interesses estratégicos estariam
mais bem resguardados com o
fortalecimento de regimes árabes autoritários, como o Egito.
Israel teme que Washington,
ao insistir apenas nas pressões
diplomáticas contra o Irã, permita que aquele país ganhe
tempo e chegue à bomba.
Lembra ainda que Robert
Gates, designado para substituir Donald Rumsfeld no Pentágono, é favorável ao diálogo
bilateral com os iranianos.
Por sua vez, os americanos
-e a confidência foi recolhida
pelo "New York Times"- desconfiam da habilidade de Olmert, que atolou por dois meses seu Exército no Líbano e
não conseguiu neutralizar as
forças do Hizbollah, facção xiita justamente ligada ao Irã.
As operações no Líbano, somadas à radicalização nos territórios palestinos, levaram Olmert a suspender o plano de retirar da Cisjordânia grande parte dos assentamentos judaicos.
O "New York Times" lembra
a sugestão dada em setembro
por um dos mais próximos assessores da secretária de Estado Condoleezza Rice, Philip
Zelikow. Ele disse, em conferência, que uma coalizão de
países árabes para pressionar o
Irã só se formaria caso se resolvesse a disputa entre árabes e
israelenses -eufemismo para
designar concessões de Israel.
Com agências internacionais
Próximo Texto: Bush discute Iraque, mas não se compromete Índice
|