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Rei espanhol foi prepotente, diz Chávez
Venezuelano cita "arrogância imperial" da colonização espanhola para criticar monarca que mandou que ele se calasse
Madri tenta baixar tom de contenda, cita interesses e investimentos na região e afirma que relações serão normalizadas no curto prazo
Jorge Silva/Reuters
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Chávez chega com neto, Jorge, à entrevista; ele diz que não precisa de investimentos espanhóis |
DA REDAÇÃO
Enquanto o governo espanhol se esforçava para encerrar
a repercussão em torno da contenda entre o rei Juan Carlos e
Hugo Chávez, no último sábado no Chile, o venezuelano voltou à carga ontem contra o monarca e o país europeu.
Embora tenha dito que não
deseja que o "lamentável incidente" se converta em crise política e diplomática, Chávez
afirmou que o rei espanhol foi
"prepotente" e "desrespeitoso"
com ele durante o encerramento da 17ª Cúpula Ibero-Americana em Santiago.
Na cerimônia, o venezuelano
acusou o ex-premiê espanhol
José María Aznar, do conservador PP, de fascista. O atual premiê, José Luis Zapatero, interveio, pedindo que Chávez respeitasse o ex-líder eleito democraticamente. Depois, o rei
Juan Carlos interpelou Chávez,
alto: "Por que não te calas?"
Ontem, Chávez chamou os
correspondentes estrangeiros
para uma entrevista em Caracas na qual deu sua versão do
episódio -que provocou enorme reação na Espanha, onde virou tema de política interna dada a proximidade das eleições
gerais de março de 2008.
A discussão também tirou
dos holofotes a controvertida
reforma constitucional proposta por Chávez, a ser submetida
a referendo no dia 2. A oposição
venezuelana quer usar o bordão "Por que não te calas?"
-que já virou tema de inúmeras paródias na internet, comentadas até por Chávez- na
campanha do "não".
Segundo Chávez, o rei "explodiu" irritado com o discurso
dele e seus aliados "revolucionários" Evo Morales, da Bolívia, e Daniel Ortega, da Nicarágua. "O rei explodiu de tanto
ouvir coisas", em especial numa reunião privada na sexta.
Chávez disse ainda que "nem
o povo espanhol" entendeu a
defesa "insustentável" do socialista Zapatero ao opositor
Aznar: "Então não se pode falar
de Hitler porque é um ataque
ao povo alemão?".
""Chávez agrediu o rei" é manipulação. O que o menino mau
fez foi expor suas idéias", capitalizou. Sugeriu "paciência" ao
rei nas próximas cúpulas, porque a "América Latina está mudando" de rosto político.
Colônia e investimentos
O venezuelano recheou seu
discurso com alusões à Conquista da América. Disse que a
fala do rei refletia "500 anos de
prepotência". ""Por que não te
calas?" é a mesma fúria imperial, arrogância imperial".
"Há que lembrar ao rei que
somos livres, que bastante sangue correu para libertar-nos
das correntes espanholas."
"Faz 500 anos que de Madri
imperial partiu a ordem: que se
calem. [...] Por que não te calas,
Túpac Amaru? Os fizeram calar
quando lhes cortaram as gargantas [...]", continuou.
Sobre as queixas de empresários espanhóis à "insegurança
jurídica" na Venezuela, Chávez
disse que esse investimento
"não é imprescindível". "Se o
governo espanhol e os espanhóis que vivem aqui começarem a gerar um novo conflito,
não vai dar certo, porque a Venezuela se respeita."
Panos quentes
Anteontem, o PP de Aznar
chegou a pedir que Madri convocasse o embaixador espanhol
em Caracas para explicações.
Mas o governo Zapatero já sinalizou que quer encerrar o caso, citando os interesses econômicos e dos cidadãos espanhóis
na Venezuela e na região.
"Temos a convicção profunda de que será possível recuperá-las [as relações diplomáticas] em um espaço relativamente curto de tempo", disse o
chanceler Miguel Ángel Moratinos no Senado espanhol.
"Tudo se resolverá", disse
Zapatero ontem.
O principal jornal espanhol,
"El País", e a agência de notícias
Efe preferiram ver o lado positivo da fala de Chávez ontem:
"Não quero nenhum conflito
com o rei". Para o diário, o venezuelano "baixou o tom".
O episódio respingou ainda
nas relações entre Chile e Venezuela. Ontem, o governo venezuelano respondeu ao chanceler chileno, Alejandro Foxley, que afirmou após a cúpula
que seu país "não compartilha
do estilo" de Chávez e chamou
de "desqualificações" as declarações do presidente sobre o rei
Juan Carlos.
O vice-chanceler venezuelano, Rodolfo Sanz, chamou Foxley "à sensatez" e disse que o diplomata ofendeu Caracas ao
qualificar o governo Chávez de
"pseudo-revolucionário".
Com agências internacionais
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