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Calotes geram revolta na Colômbia
Protestos por quebra de financeiras populares deixaram um morto; cinco cidades decretaram toque de recolher
Conhecidas como "pirâmides", empresas, em torno de 200 no país, atraíam investimentos prometendo lucros de 150%; Bogotá diz que não indenizará
DA REDAÇÃO
Uma pessoa morreu a tiros, e
ao menos cinco cidades decretaram toque de recolher desde
quarta-feira na Colômbia devido a protestos, em vários departamentos, de milhares de
pessoas que perderam dinheiro
com a quebra de mais de 30 investidoras populares no país.
As chamadas "pirâmides"
-cerca de 200 em toda a Colômbia- são empresas que
atraem pequenos investimentos, muitas vezes poupanças
pessoais, com promessas de ganhos de até 150% em poucos
meses. Estima-se que quase R$
2 bilhões estejam envolvidos
em suas operações, e o governo
suspeita de lavagem de dinheiro proveniente do narcotráfico.
Em geral, essas empresas trabalham com dinheiro vivo e
não mantêm registros de suas
operações. O governo condena
a atividade, mas diz não conseguir caracterizar a sua ilegalidade devido à dificuldade no
rastreamento das transações.
Na quarta-feira, a DRFE (Dinheiro Rápido, Fácil e Vivo, em
espanhol) -a maior "pirâmide", com 66 agências e estimados R$ 390 milhões recebidos
em 94 mil operações só entre
abril e setembro - anunciou a
incapacidade de honrar os
compromissos assumidos, dando início à revolta.
A polícia interveio em todas
as agências da empresa, que
atribui a quebra à crise global, e
ordenou a devolução dos R$
390 milhões aos investidores e
a suspensão imediata das suas
atividades nos ao menos dez
departamentos em que atua.
Na cidade de Guesaco, em
Nariño, um funcionário municipal morreu ao ser confundido
por manifestantes com um empregado da empresa, na qual se
encontrava para fazer um balanço financeiro a mando do
governo federal, e levar três tiros, segundo o secretário departamental de Governo.
Em outras cidades, manifestantes invadiram e saquearam
sucursais da DRFE e de outras
empresas do ramo, por vezes
arrombando cofres. A situação
gerou enfrentamentos com a
polícia, que utilizou gás lacrimogêneo para dispersá-los.
Em algumas sedes das empresas, funcionários simplesmente fugiram com o dinheiro,
deixando recados aos investidores. Em Santander de Quilichao, foi achada uma nota que
dizia deixar "as cadeiras mais
caras do mundo" para os manifestantes e que "as únicas pirâmides do mundo que existem e
não se vão são as do Egito".
Os distúrbios concentraram-se nos departamentos de Nariño, Cauca e Putumayo, na região sudoeste, além de Risaralda e Quindío, no centro. As cidades que decretaram o toque
entre quarta e quinta-feira foram Popayán, Pasto, Túquerres
e Ipiales, além de Santander.
Reação governamental
Frente aos distúrbios, o presidente Álvaro Uribe convocou
reunião com o ministro da Fazenda, Óscar Iván Zuluaga, e
outras autoridades econômicas. Uribe condenou o que chamou de "esquemas de calote".
Zuluaga disse que o governo
não tem motivos para indenizar os investidores. "Do Orçamento não sairá nem um peso
sequer", afirmou. Segundo o
ministro, o fato de a atividade
ser ilegal impede que se tomem
medidas legais para compensar
os investidores enganados.
Zuluaga se disse surpreso
que as pessoas continuassem
investindo nas "pirâmides"
apesar das advertências do governo. Os alertas, no entanto,
não evitaram as críticas ao governo quanto à falta de regulação da atividade e à demora em
agir quando ficou clara a dimensão do problema.
O governo e entidades comerciais colombianas temem
que os calotes afetem o nível de
atividade econômica no período do Natal, agravando as já sérias conseqüências da crise global na Colômbia. A previsão de
crescimento do país para 2009
já é de apenas 1%, contra 3,5%
neste ano e 7,5% em 2007.
Com agências internacionais
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