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"Eu queria ficar, mas não é fácil", conta boia-fria
DO ENVIADO À PROVÍNCIA
DE GUANGXI
Foram quatro horas de
negociação até a boia-fria
vietnamita Lê Etang aceitar falar com a Folha. Como a maioria dos imigrantes ilegais na China, ela
dorme no trabalho e quase
nunca sai às ruas por medo de ser deportada.
Há três anos, ela e seu
marido cruzam juntos a
fronteira a pé e depois viajam seis horas de ônibus
até a região de Ningming,
coberta de plantações de
cana, onde trabalham por
até cinco meses.
Não vão sós: segundo
estimativas do governo de
Guangxi, ao menos 10 mil
vietnamitas fizeram o mesmo apenas nos quatro primeiros meses deste ano.
Lê conta que recebe R$
13 por jornadas de 8 horas,
mas gasta R$ 5 diários para comer e dormir no dormitório fornecido pelos
agricultores. No ano passado, diz ter economizado
R$ 1.033 nos quatro meses
em que trabalhou.
No Vietnã, afirma, ela
recebe apenas de R$ 2,5 a
R$ 5 por dia de trabalho.
"Eu queria ficar, mas
não é fácil. Vir aqui é a única forma de conseguir um
dinheiro extra", disse Lê,
em entrevista dentro de
uma oficina mecânica para evitar a rua. Ela não se
deixou fotografar.
Há pouco um país essencialmente agrário, a
China hoje tem metade da
sua população morando
nas cidades, resultado dos
jovens da área rural que
passaram a trabalhar nas
fábricas. Dez anos atrás, só
36% dos chineses habitavam a zona urbana.(FM)
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