São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 2000 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Disfunção verbal agradará aos humoristas COLUNISTA DA FOLHA Bill Clinton mostrou-se um craque da retórica, mesmo quando mentia. Com George W., o mundo reencontrará o velho George Bush. Ele herdou do pai uma disfunção verbal que fará a delícia dos humoristas. Seu pai chegou a dizer: "Eu confio no povo americano e na sua capacidade de perceber o que é justo e o que é injusto, o que é feio e o que é infeio". Ou: "Eu não sou o mais articulado dos emocionalistas". George W. diz: "É na família que nossa nação encontra a esperança, onde as asas ganham sonhos". Ou: "Eu sou uma pessoa que percebe a falácia dos humanos". Como o pai, sofre com o uso dos prefixos: "Eles me malestimaram". A coleção completa dos Bushisms, em inglês, está na revista eletrônica Slate: http://Slate.msn.com/ Features/bushisms/ bushisms.asp. Gerald Ford tropeçava nos cabos das equipes de televisão e batia com a cabeça na porta do avião. Richard Nixon não conseguia tomar sopa sem sujar a camisa. Resolveu o problema proibindo que se servisse sopa na Casa Branca. Ronald Reagan tinha um pé na realidade e outro na cultura cinematográfica. Tirou de um filme a idéia da montagem de uma rede global de satélites e mísseis: "Star Wars". Veio ao Brasil e disse que estava na Bolívia. Corrigiu-se dizendo que essa era a próxima escala de sua viagem -era o Peru. Tomando-se a Presidência dos Estados Unidos por esse lado, jamais se conseguirá entender como o país dividido e derrotado que Gerald Ford recebeu em 1974 se transformou na maior potência econômica e militar já surgida no mundo. Com frequência, depois de reunir-se com colaboradores, George Bush pai dizia: "Puxa vida, como vocês são inteligentes. Não entendo por que eu é que sou o presidente dos Estados Unidos". (EG) Texto Anterior: Sobrenome sempre foi o trunfo de Bush Próximo Texto: "Campeão moral", Gore pode voltar em 2004 Índice |
|