São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 2000

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ORIENTE MÉDIO

Netanyahu avança

Batalha de 7 horas deixa 4 palestinos mortos



DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos quatro policiais foram mortos ontem pelo Exército israelense numa batalha na faixa de Gaza que durou sete horas e envolveu, segundo testemunhas, até mil palestinos armados.
Em Hebron, na Cisjordânia, foi morto com três tiros no peito, na porta de sua casa, um militante do grupo terrorista Hamas. Os palestinos afirmaram que foi o terceiro assassinato desse tipo em três dias e acusaram Israel de fazer "terrorismo de Estado".
Durante a batalha, o som dos disparos de metralhadoras e das explosões confundia-se com brados que, por alto-falantes, convocavam a população para o combate. Os choques se espalharam de uma rua principal para áreas ao redor dos postos de segurança israelenses, atingindo várias casas. Cerca de 40 foram feridos.
Testemunhas afirmaram que até mil palestinos armados, de vários pontos do campo e das regiões próximas, acorreram para combater ao lado dos policiais.
Os palestinos disseram que o confronto, um dos piores das 11 semanas de violência na região -já são pelo menos 318 os mortos no conflito-, começou de manhã, quando um trator israelense, acompanhado por tanques, tentou destruir uma barreira de areia erigida pela população para proteger-se dos disparos dos soldados. Disseram que o "escudo" está dentro da área controlada pela Autoridade Nacional Palestina e que os policiais guardavam o território.
Israel declarou que a barreira era usada por atiradores palestinos. Segundo o porta-voz do Exército, a decisão de destruir a construção de areia se seguiu a um ataque contra uma escola do assentamento Neve Dekalim.

Netanyahu
Os aliados do ex-premiê Binyamin Netanyahu avançaram mais um pouco ontem em seu objetivo de levá-lo de novo ao poder.
O Knesset (Parlamento com 120 cadeiras) aprovou ontem, por 67 votos a 35, a leitura preliminar de um projeto de lei que poderá autorizar o oposicionista a disputar novamente o cargo de premiê.
A chamada "Emenda Bibi", em referência ao apelido do político, altera a lei israelense, segundo a qual apenas membros do Knesset podem concorrer à função de primeiro-ministro -as eleições para o cargo e para o Parlamento são, porém, independentes.
A aprovação do projeto, conduzida pelos partidos Likud (ao qual pertence Netanyahu) e Shas, contou com o voto do próprio premiê de Israel, Ehud Barak, que disputará a eleição. Para que a lei seja criada, a oposição terá de obter 61 votos em mais três turnos.
Segundo pesquisas de intenção de voto, Netanyahu é o favorito. Um dos principais críticos das concessões feitas aos palestinos nas negociações de paz, deixou o partido Likud após ter perdido o cargo de primeiro-ministro para Barak, na eleição de maio de 1999.
Foi para tentar impedir a volta de Netanyahu, afirmam analistas, que Barak renunciou no sábado e declarou que realizaria em 60 dias uma eleição exclusiva para primeiro-ministro.
Enfraquecido pela Intifada (revolta palestina) e pelas frustradas negociações de paz, Barak já havia aceitado a realização de eleições gerais, isto é, a escolha de um novo primeiro-ministro e a renovação do Knesset. Isso permitia, porém, que Netanyahu concorresse ao cargo de premiê.


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